FRAGMENTOS MÍSTICOS

          O Esoterismo, são ensinamentos filosóficos / espiritualistas, ligados também à religião, para esclarecer melhor muitos conceitos doutrinários, e também desvendar dentro do possível, muitos "segredos" do Universo.  Existem várias linhas ou Escolas destes ensinamentos, tais como: Rosacruz, Escola Pitagórica, Sociedade Teosófica de Helena Blavatsky, Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, e muitas outras.

          Algumas dessas escolas, atuam de modo fechado, ou seja, procuram ocultar os ensinamentos polêmicos a pessoas não iniciadas, para que estes ensinamentos não sejam vulgarizados.  Afinal, o propósito do Esoterismo é fazer com que o indivíduo possa sair das trevas (do conhecimento), e ascender ao Criador.  No presente trabalho, vamos apresentar alguns Fragmentos Místicos que se relacionam com este assunto.

O TARÔ

          O Colégio Capitular Pitágoras de Resende-RJ, era uma escola de estudos Esotéricos.  Hoje porém, ela está inativa.  Mas, nos tempos áureos dessa Escola, o mestre Antônio Delfino em uma de suas palestras, falava sobre um baralho chamado TARÔ.  Esse baralho, tem nas suas cartas, figuras místicas, e cada figura tem o seu significado "oculto", ou seja, não é revelado a qualquer pessoa, a não ser àquelas que se dedicam ao misticismo ou ao ocultismo.

          O mestre Delfino explicava que no antigo Egito, havia uma riqueza em termos de sabedoria e do conhecimento das ciências ocultas, acessíveis somente aos sacerdotes daquela época.  Esses sacerdotes inventaram então o chamado baralho de Tarô, onde cada figura  representava ou guardava um significado oculto dos seus conhecimentos. 

          Nesse baralho, existem cartas que se chamam Arcanos Maiores e Arcanos menores, mas somente aqueles que sabem manipular essas cartas podem explicar ou interpretar o que significam esses Arcanos.  As cartas do Terô teriam sido feitas originalmente em metais.  Por que isso foi feito, ou "inventado pelos sacerdotes egípcios?

          A resposta, é porque os sacerdotes sabiam que toda a sabedoria até então acumulada, se perderia ao longo de muitos séculos, caso não fosse preservada de alguma forma.  Então eles ocultaram todo esse conhecimento através de um simbolismo estampado nas figuras místicas das cartas do Tarô.  E eles sabiam também que seria muito mais fácil de guardar e propagar o seu conhecimento nas mãos de profanos e viciados no jogo, do que nas suas transmissões verbais ou escritas por iniciados virtuosos (aprendizes do ocultismo).

          De fato, esse baralho é utilizado até hoje por ciganos, cartomantes e charlatões de todo tipo, mas o seu verdadeiro significado permanece oculto no simbolismo misterioso das cartas.  É claro também, que desde aquele tempo (A.C.), esse baralho deve ter sido profanado por outras versões alteradas do Tarô.  Mas o verdadeiro Tarô permanece inviolável em seus segredos. 

O.  T.  O.

          Nessa mesma época, do mestre Antônio Delfino, o Colégio Pitágoras de Resende, recebia de vez em quando, a visita de um homem chamado Oscar.  Esse homem, se dizia membro e representante da O.T.O. (Ordem do Templo do Oriente);  ele sempre se auto apresentava através de um axioma, ou saudação:  "Faze o que tu queres, há de ser tudo da lei.  Amor é a lei, amor sob vontade".

          Mas ele era visto pelo nosso mestre (Delfino), como uma pessoa estranha, e não parecia ter de fato a autoridade com a qual se apresentava, apesar de demonstrar conhecimento em assuntos esotéricos. O mestre Delfino, reconhecia a existência dessa Ordem (O.T.O.), mas não acreditava no tal Oscar, pois ele não exibia qualquer documento comprobatório da sua pretensa filiação àquela respeitada Ordem de estudos dessa natureza, isto é, do Esoterismo.

          Certa vez, esse Oscar convidou o mestre Antônio Delfino para fazer uma viagem à cidade de Lambari-MG, e convidou também outros dois membros (estudantes) do Colégio Pitágoras.  Disse que o motivo do convite, era devido a uma determinação da O.T.O., em outorgar ao mestre Delfino, um documento que lhe conferia autoridade para implantar a O.T.O. em Resende-RJ.

          Eu também acompanhei o nosso mestre nessa viagem.  Uma viagem em vão.  Chegando lá, em Lambari, ficamos esperando (no lugar marcado) os representantes oficiais da Ordem do Templo do Oriente, cuja presença "teria" sido marcada naquela cidade, naquele dia, mas nada aconteceu.  Oscar se desculpou como pôde, dizendo não saber o que teria acontecido devido ao lamentável fracasso dessa prometida reunião. 

          Pois bem, retornamos a Resende.  Durante a nossa viagem de volta, o mestre Delfino comentava que desde o início desconfiou de que tudo não passaria de um engodo, e que esse Oscar lhe parecia um desmiolado, não era digno de confiança. 

          Disse também que não recusou o convite, porque segundo aquilo que ele mesmo pregava em sua filosofia, não devemos nunca prejulgar as pessoas, pois através de um aparente embuste, pode se ocultar uma verdade, tal como acontece nas cartas do Tarô.  Por trás de uma simples figura sem sentido aparente, oculta-se uma sabedoria milenar.  (Palavras do nosso respeitado mestre). 

SÁ  MARIA

          Pensando nestes ensinamentos, de não julgar as pessoas pela aparência, por mais disparatada que seja, ou ainda, pelos mistérios insondáveis da vida, eu me lembro de um fato.  Um fato que se passava na minha cidade de Passa Quatro-MG., há muito tempo, e que muitas pessoas ainda devem se lembrar até hoje.

          Na minha querida cidade de Passa Quatro, havia uma senhora, que era conhecida como Sá Maria.  Morava depois da ponte sobre o Rio Passa Quatro, na Fazenda do Leite.  Ela era uma pessoa humilde, sem cultura, e todos diziam que ela "não batia muito bem da cabeça".  Mas ela não era assim tão estranha.  Ela trabalhava (lavava roupas para várias famílias).  Nesta atividade, não tinha defeitos.  Ninguém reclamava do seu trabalho.

          A estranheza, era por conta das sua incríveis e mirabolantes estórias, em seus bate-papos costumeiros.  Ela dizia, por exemplo, que já tinha sido morta duas vezes.  Que uma vez, ela foi esquartejada, e a sua cabeça pendurada numa árvore.  Outra vez, ela foi queimada viva, amarrada num pau, no meio de uma fogueira.  Coisa de louco, e contava outros detalhes que já não me lembro. 

          Suas estórias esdrúxulas, faz a gente lembrar que tais atrocidades ocorriam na idade Média, quando os carrascos decapitavam pessoas:  e numa outra época, uma revolucionária francesa conhecida como Joana Darc, morreu queimada numa fogueira, estória esta que todos conhecem, ou já ouviram falar a respeito.

          Pois bem, naquela época, em que a Sá Maria, lá de Passa Quatro, contava essas estórias, eu era um adolescente, e achava aquilo um absurdo, pois se ela havia sido morta várias vezes, então como era possível que ainda estivesse viva?  Ah, mas isso é coisa de gente doida!  Eu pensava.

          Porém hoje, eu penso que apesar dos distúrbios que a Sá Maria pudesse apresentar, isso bem que poderia ser lembranças de vidas passadas, que ainda viviam atormentando suas ideias de tão horríveis que foram.  É um caso pra gente pensar.  Como dizia o nosso mestre Delfino, não devemos julgar as pessoas pela simples aparência. Por trás dessa caricatura, pode se esconder uma verdade.

          O Esoterismo prega a reencarnação em seus ensinamentos.  E de uma forma bem plausível.  Nesse caso, será que a Sá Maria teria sido Joana Darc numa vida passada?  Sei não... é possível...  "Nada é tão escondido que não possa ser revelado através de seu fruto". (Paracelso).

OBSERVAÇÃO:

          O vídeo abaixo se refere a uma antiga música romântica, porém profana, isto é, não reflete a seriedade do misticismo do TARÔ.  Serve apenas para ilustrar poeticamente, o uso das cartas do baralho por aqueles que praticam a Cartomancia, que tem origem no Tarô egípcio.