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FORMANDOS 1966


Formatura

          PASSA QUATRO-MG.  Eu vou contar uma estória.  Minha e de meus amigos, colegas de classe, como por exemplo, Luiz Fernando, Leonardo Medeiros Terra, Floramante Giglio, Cezar Análio, Waldir Moraes, José Claudio, Benedito Carlos, Antonio da Cunha, Teobaldo Cavalcanti, Luiz Afonso, e vários outros.  Estávamos na 4ª Série do Ginásio: Ginásio São Miguel.  Ano de 1966. Nosso último ano desse curso, para depois seguirmos em frente, cada um com seus sonhos, suas oportunidades ou suas possibilidades.  Nossa turma era de 36 alunos.  Não éramos homogêneos em termos de idade, mas a maioria, creio, na faixa de 16 anos.


          Estávamos todos preocupados e ansiosos para não sermos reprovados nos exames.  A matéria mais temida era matemática, do professor Padre Francisco Darley.  Ainda me lembro do teorena de Pitágoras, onde um enunciado dizia que, em um triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa; ...havia equações do segundo grau para serem resolvidas (x = menos b + raiz quadrada de b2 - 4ac sobre 2a), enfim, muitos se torturavam com esses problemas que "talvez" nunca colocassem em prática na vida, mas era preciso saber, para garantir ^wxito nas provas finais.

          Organizamos um grupinho de estudos em minha casa, na Avenida, em Passa Quatro.  Eu, Luiz Fernando, Leonardo Medeiros, Teobaldo e Chico Nogueira.  Alguém nos emprestou um quadro negro, e improvisamos assim, uma salinha de estudo particular.  Funcionou, pois todos fomos aprovados.

          Mas, vamos retroceder um pouquinho no tempo destes exames, e relembrar os preparativos da nossa formatura do curso ginasial.  A comissão dos formandos era presidida pelos colegas Leonardo Medeiros Terra e Floramante Giglio.  Essa comissão, formada por dois ou três alunos, ficou incumbida de tudo: das fotos, dos convites, da escolha do paraninfo da turma, os locais dos eventos, a contratação de uma orquestra... Uma orquestra?  Claro, não podia faltar o principal! Um baile de formatura!!!  Naquela época, em pleno auge da Jovem Guarda, era imprescindível que houvesse um baile com todo o requinte do momento, e não dispensando uma orquestra.  Mais do que imprescindível, era uma tradição.

          Eu porém tinha um problema, que para mim era preocupante!  Eu tinha 16 anos e ainda não sabia dançar.  Meus colegas todos sabiam.  Eu tinha medo de causar uma decepção, de não dançar a valsa e nem mesmo outras músicas.  Mas, entre colegas, vivíamos um tempo de camaradagem, e sempre ajudávamos uns aos outros.  Assim, a solução para o meu problema foi encontrada pelo meu bom amigo e colega Luiz Fernando!!! - Vamos lá para minha casa!  Minhas irmãs te ensinam os passos para que você aprenda a dançar e não deixe de participar do baile!

          E foi assim que aprendi a dançar não só a belíssima Valsa, como também outros gêneros musicais.  Nunca mais me esqueci desse curso intensivo de dança que me valeu, e me vale muito até hoje.  Minha gratidão ao Luiz Fernando e às suas queridas irmãs.

          Dentre as providências preliminares à formatura, o homenageado escolhido para a nossa turma foi o Dr. Décio, o qual nos patrocinou um coquetel, realizado no salão da Sociedade Recreativa Passaquatrense, ocasião em que tive a oportunidade de estrear meus passos de dança que aprendi com as professoras, irmãs do meu estimado amigo Luiz Fernando.

          A cerimônia da entrega dos diplomas, foi no Cine Regnier (veja foto acima), onde a saudosa Professora Farahide (conhecida como Dona Fafá), fez um belo discurso, enaltecendo a escolha do Dr. Décio, dizendo que nós, os alunos, tivemos a "Sabedoria do Rei Salomão" (suas palavras), em escolher esse conceituado médico da cidade, para ser o paraninfo dos formandos. 

          Nosso baile de Formatura, também foi realizado no salão da Sopciedade Recreativa Passaquatrense, com a orquestra Casino de Sevilla.  Esse foi o primeiro baile da minha vida.  Quero deixar registrada essas lembranças para que possam perdurar por muito tempo e reavivar a nossa memória de "Belos tempos, belos dias" como diz uma música do Roberto Carlos;  "Eu me lembro com saudade o tempo que passou..."  Jovens tardes e muitos dias de alegria, juventude e amizades que perduram até hoje.  Obrigado a todos os nossos saudosos Professores e Professoras dessa época, meus amigos e colegas, e pela ajuda do meu querido amigo Luiz Fernando.
          Sinceramente,  GUILHERME KÖHN.
Orquestra

A REVOLUÇÃO DE 32



PASSA QUATRO

          Inicialmente, fiz uma pesquisa no Google sobre este assunto, ou seja, sobre a Revolução de 1932 entre Minas Gerais e São Paulo.  Eu queria entender melhor, sobre o que a história nos conta, mas existem também alguns fatos que a história não registra.


          Este assunto, é um pouco extenso e muito prolixo... Sendo assim, eu vou resumir e simplificar esse distante movimento revolucionário que não é do "meu tempo", mas sim dos meus familiares, que o assistiram e contavam suas estórias.  É interessante, resgatar estórias antigas e verdadeiras.

          Vamos direto ao assunto.  Na verdade, houve duas revoluções:  Primeiro, uma revolução de 1930, e depois, decorrente da primeira, uma revolução em 1932.  Em 1930, o novo presidente ao Brasil seria Júlio Prestes (de São Paulo), sucedendo o então presidente Washington Luís.
A Revolução de 32
          Mas, na ocasião adequada, houve um movimento armado para depor Washington Luís, devido ao seu conturbado governo, e impedir a posse de Júlio Prestes, que inclusive foi preso (Júlio Prestes tinha ligações com o comunismo da Rússia).  Getúlio Vargas assumiu então a presidencia do Brasil, apoiado politicamente por Minas Gerais.

OBSERVAÇÃO:
          Júlio Prestes era casado com Olga Gutmann, alemã de origem judaica, e militante comunista.  Conta-se que Júlio Prestes fora preso e condenado a mais de 40 anos de cadeia, mas ele, num conluio para safar-se ou diminuir sua pena, delatou (atraiçoou) sua mulher, que foi deportada para a Alemanha sob governo nazista em 1936, onde fatalmente foi morta (fuzilada).

          Júlio Prestes era um homem egoista e sem caráter, tipo nosso Lula de hoje, que por sinal, repete uma história semelhante à de Júlio Prestes.

A REVOLUÇÃO DE 1932:
Coronel Fulgêncio          Essa revolução armada, foi iniciada em São Paulo, em resposta à Revolução de 1930, e com objetivo de derrubar o governo de Getúlio Vargas e eleger políticos paulistas.  O ápice dessa batalha sangrenta ocorreu em Passa Quatro, na Serra da Mantiqueira, divisa entre São Paulo e Minas Gerais.

          Nessa batalha, o Tenente-coronel Fulgêncio, Comandante do 7º batalhão da Força Pública de Minas Gerais, morreu em combate, defendendo Passa Quatro das tropas paulistas.  Apesar do palco dessa luta armada ter ocorrido em Passa Quatro, registrou-se também ocorrências em Itanhandu;  pois os combatentes paulistas, por onde passavam (Tronqueiras, Pé do Morro, etc.), eles destruíam tudo, isto é, utilitários de escolas, mercadorias de bares, mantimentos de armazéns eram misturados e espalhados pelo chão, etc. (um verdadeiro vandalismo.

          Conta um Major, chamado Mário Guimarães, que quando ele chegou aqui no Sul de Minas com a tropa (de soldados) de Belo Horizonte, ele fez as primeiras descargas de metralhadoras nos arredores de Itanhandu, onde os paulistas já se encontravam mas tiveram que recuar, e houve muitas mortes de paulistas.  Eles recuaram para Cruzeiro-SP.

          As tropas mineiras, com numerosos combatentes, eram transportados pela Rede Ferroviária em vagões de cargas e até mesmo em vagões do tipo pranchas, segundo estórias contadas pelos antigos, ou seja, pessoas dessa época.  Nada de conforto; a palavra de ordem era: revolução!

          É oportuno mencionar também, que em Itanhandu havia uma oficina mecânica (de especialidades múltiplas), pertencentes aos irmãos Köhn, onde os armamentos das tropas mineiras eram levados para manutenção, recuperação ou consertos (canhões, metralhadoras, fuzis, etc.).

          Acredito que esse fato, deve constar nos arquivos ou relatórios registrais dos militares, tendo em vista que após o término dessa revolução, dois desses irmãos Köhn (Carlos Köhn e Walter Köhn), receberam um convite para ingressar na carreira militar, inclusive com a outorga de uma patente graduada, como agradecimento aos serviços prestados em prol da causa revolucionária.  Todavia, os irmãos Köhn, declinaram desse honroso convite feito especialmente para eles.

          Enfim, centenas de soldados das duas forças (mineiras e paulistas) morreram em combate.  Maiores detalhes  sobre essa Revolução de 32, poderão ser assistidos em vídeo do historiador Coronel Cesar Braz (o vídeo está publicado no final deste comentário).

FINALIZANDO:
          Felizmente essa "guerra" entre irmãos (mineiros e paulistas) terminou, e o governo de Getúlio foi mantido.  A União dos Militares, uma entidade organizada em 1948, preserva a memória desses bravos combatentes.  Atualmente, essa entidade é presidida pelo historiador Cel. Cesar Braz.  Além disso, uma lei federal permitiu a transferência do espólio da Rede Ferroviária Federal (daquilo que tivesse valor histórico) para as Prefeituras, para ser explorado na área de cultura e lazer.

          Palavras do Coronel Braz:  "É o que está acontecendo conosco neste momento.  Aproveitamos uma parceria com a Prefeitura de Passa Quatro e mais um pessoal da ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária que teve a iniciativa de restaurar os trilhos que leva Passa Quatro ao túnel, e esta situação está mantida precariamente, mas vamos tentar melhorar tudo em memória a esse sangue derramado na Revolução".

          "Minas Gerais foi um grande sustentáculo do governo de Getúlio Vargas;  e a maior e mais eficiente ferramenta para esse desfecho vitorioso, foi a Força Pública do Estado de Minas Gerais".


          





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