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O LIVRO SAGRADO


PADRE FRANCISCO

          O livro sagrado dos cristãos, como todos sabem, é a Bíblia.  Mas, a Bíblia não é apenas um livro, e sim, vários livros.  É composta de 73 livros, sendo 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento.  Algumas Bíblias protestantes, contêm apenas 66 livros no total, faltando assim 7 livros.  Esses livros faltantes (do Antigo Testamento), são os seguintes:  Tobias, Judite, Macabeus (2 livros),  Sapienciais (2 livros)  e um livro profético chamado Baruc.  


          Com relação aos 7 livros citados, existem discordâncias entre os católicos e protestantes.  Estes livros são conhecidos como "apócrifos", ou seja, "suspeitos", e por isso a sua reprovação polêmica, mas ao nosso ver (católicos), uma polêmica ilegítima.  Efetivamente não há, no Novo Testamento, citações de rejeição por parte de Jesus ou seus apóstolos, quando se referiam às escrituras antigas.  Além disso, esses livros de configuração espiritual, são de leitura inspiradora, e fazem bem à nossa busca espiritual. 

          Depois desta breve introdução, vou abordar alguns assuntos sobre o nosso Livro Sagrado. Me recordo de um padre, chamado Francisco de Paula, professor de religião em Passa Quatro-MG no Colégio São Miguel, educandário católico, que numa época passada, era dirigido por padres da Congregação Belo Ramo.  O padre Francisco, natural de Itamonte-Mg, foi ordenado padre em Passa Quatro. 

          No tempo em que eu era seu aluno, juntamente com outros colegas de classe, esse professor nos ensinou muitas coisas sobre religião.  O padre Francisco afirmava que a Bíblia tem resposta para todo e qualquer assunto ou problema que possa envolver a nossa vida.  "É um livro maravilhoso, inspirado por Deus, e portanto podemos sempre recorrer à sua sabedoria", dizia ele. 

          O Pe. Francisco ensinava religião como era seu mister, ou seja, com muita dedicação, e tinha sempre uma resposta baseada nos ensinamentos bíblicos, a qualquer pergunta que nós, alunos lhe dirigíamos.  Eu me lembro que isso foi por volta de 1962 / 1966 (aproximadamente).  Os alunos daquele colégio, São Miguel, estudavam religião como matéria obrigatória, porém, sem o rigor de uma reprovação da série escolar. 

          Eu gostava de conversar com o Pe. Francisco.  Mantive algumas conversas com ele em particular, e nessas oportunidades eu sempre lhe fazia perguntas que para mim eram controversas, ou seja, coisas que eu não entendia, mas evitava perguntar em sala de aula, com receio de parecer  ingênuo ou ser motivo de chacotas dos colegas (coisas da idade na época). 

          Não me lembro exatamente como formulei minhas perguntas, mas guardei muito bem seus ensinamentos.  Certa vez, eu perguntei a ele sobre o porquê de guerras mortes e destruição que tanto fala a Bíblia no Antigo Testamento, e o que significavam essas tragédias sangrentas.  Para mim era estranho, considerando uma religião que pregava amor ao próximo.  De boa vontade, o Pe. Francisco me esclareceu então, o seguinte:

          Realmente, a Bíblia conta muitas histórias de guerreiros bárbaros, e inimigos que atormentavam o povo de Deus. Naquele tempo, havia sim muitas guerras históricas, mas nem todas aquelas estórias aconteceram de fato.  Muitas vezes são parábolas, metáforas, as quais precisamos estudar mais profundamente à luz de uma mentalidade aberta e com ajuda de um estudioso no assunto. 

          Além disso, dizia ele, naquele tempo (há milhões de anos), os costumes eram muito diferentes, o povo ainda era primitivo, e as práticas religiosas e comportamentais eram muito rigorosas, difíceis de seguir, e por isso mesmo houve um momento em que Deus enviou Jesus para que ele pudesse providenciar uma reforma dos costumes antigos vigentes naquela época.  Isso explica porque damos mais ênfase ao Novo Testamento, onde os ensinamentos de Jesus vigoram até hoje.

          A propósito, encontramos em Mateus, capítulo 5, as palavras de Jesus: "Não penseis que vim destruir a lei ou aos Profetas;  não vim para destruir, mas para cumprir".   Realmente, Jesus ensinava e corrigia muitos costumes e leis arcaicas daquele tempo, como por exemplo:  "Ouvistes o que foi dito: Olho por olho, dente por dente.  Eu porém vos digo:  ama teu próximo como a ti mesmo, perdoa não apenas sete vezes, mas até setenta vezes sete"  (Jesus)

          É preciso entender também, que certas palavras usadas na Bíblia, têm um sentido muito diferente de hoje em dia.  Por exemplo:  Jesus ensinava no Sermão da Montanha:  "Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino do Céu".  - Ser "pobre de espírito", na Bíblia, não tem a mesma conotação nos dias de hoje;  significa a pessoa "despir-se" de suas falhas (egoismo, arrogância, etc.), e ter mente aberta, ou seja, renunciar à opiniões preconcebidas em geral.  

          Atualmente, podemos observar nas pessoas aqueles que são muito "ricos de espírito", contrariando essa máxima de Jesus.  Ricos de espírito por sentirem-se superiores às pessoas comuns, valendo-se de seus títulos acadêmicos, doutorados, e achando-se por isso, uma espécie de deuses acima de todos.  Difícil de identificar essas pessoas?  Penso que não.

          "Bem aventurados os mansos, porque herdarão a terra".  Nesta frase de Jesus, existem duas palavras que devem ser melhor entendidas: "mansos"  e  "terra".  Terra, na Bíblia, não significa apenas o globo terrestre, e sim a nossa prática de Deus na terra, ou ainda, a manifestação de nossos estados mentais (cultivar bons pensamentos enquanto neste plano terreno). 

          A palavra "manso", na Bíblia, também tem um significado especial.  Não é aquele entendimento mesquinho ou hipócrita de hoje em dia.  O verdadeiro significado da palavra "mansos" na Bíblia, refere-se a uma atitude mental, largueza de espírito, fé em Deus.  Significa deixar que a vontade de Deus se manifeste de acordo com a sua sabedoria.  Não devemos querer que tudo seja conforme a nossa vontade, o nosso ego.  Em resumo, era esse o entendimento daquela época para uso dessas palavras. 

          Em vários textos, a Bíblia fala também em "coração".  A palavra "coração" na Bíblia, significa a mente do homem, que a psicologia moderna chama de mente ou mente subconsciente. Jesus fala por exemplo, dos "puros de coração" (Mateus 5,8).  Isso significa ocupar o nosso coração ou nossa mente, com bons pensamentos. 

          Quando Jesus ensinava para uma multidão no "Sermão da Montanha", os autores dos quatro Evangelhos (João, Mateus, Marcos e Lucas), tomavam nota de tudo, com intuito de deixar por escrito seus ensinamentos (Evangelho, significa "boa notícia").  E, de fato, o Sermão da Montanha (completo), é todo o resumo da religião Cristã que norteia o nosso comportamento de hoje, isto é, para aqueles que de fato querem seguir os ensinamentos de Jesus e buscar sua redenção através do nosso LIVRO SAGRADO. 
COLÉGIO SÃO MIGUEL

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