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UMA LONGA VIAGEM


Zorba, o Grego

          Pessoas dizem, que a vida é curta.  O que você acha?  Eu acho que não.  Eu acho que a vida é uma longa viagem.  Tudo depende da nossa experiência de vida, ou em que ponto estamos do nosso destino, desde quando embarcamos num hipotético trem da vida.  Ou então, de que dimensão nós estamos enxergando a vida.  Quando jovens, esse tipo de questionamento não nos preocupa; nem pensamos nisso. 

          Mas, quando alcançamos uma certa idade, ou seja, meia idade ou um pouco mais, então podemos avaliar o tempo e o caminho percorrido, as tempestades e as marcas da nossa vida.  Memórias, momentos vividos, nossas conquistas, nossos amigos, tudo isso e muito mais são termômetros da nossa jornada.  Aí sim, podemos avaliar o tempo vivido e a distância do caminho percorrido.  É justamente nesse ponto que achamos que a vida é longa, e que ainda temos um longo trecho a percorrer. 

          Neste ponto, eu me lembro de um personagem chamado Zorba, o grego, vivido pelo ator Anthony Quinn, em um filme lançado em 1964, e que fez muito sucesso na época:  "Zorba the Greek".

          Em uma síntese rápida, o filme conta a história de dois homens completamente díspares, ou seja, opostos um ao outro.  Esses homens são:  Basil, escritor inglês, poeta, criado na Inglaterra, de classe burguesa, e que chega na Grécia para explorar uma mina que herdou do pai.  Logo ao chegar, conhece Alexis Zorba, um camponês grego, sem eira nem beira, que aceita trabalhar na mina do Basil.

          Zorba é um homem de espírito leve, solto, demonstra a alegria de viver, e sabe viver cada momento da vida.  Depois, no decorrer do filme, há também algumas cenas em que Zorba se apaixona por uma prostituta, etc., etc.  Em outro momento, Zorba pergunta para o seu patrão e escritor Basil:  

- "Por que os jovens morrem?  Por que qualquer um morre?"
- "Não sei", responde Basil.
- "Para que servem os seus merdas de livros se eles não conseguem responder a essa pergunta?"
- Basil responde: "Eles falam sobre a angustia dos homens que não conseguem responder perguntas como essa."
- "Eu cuspo na angústia", responde Zorba, no seu ímpeto de vivência. 

          O filme segue o seu drama, com cenas de crueldade, de sofrimentos comuns da nossa existência, além de outras cenas.  Basil, é um personagem obcecado por livros, como era costume naquela década de 60.  Era um homem da classe média, como qualquer um de nós hoje, (menos na obsessão por livros). 

          Mas, de um modo geral, o que é mais importante nessa história, é a mensagem sobre como é belo viver.  O patrão de Zorba, aprende que a vida é mais rica do que a mina herdada do pai.  Aprende que a vida não está nos livros apenas, mas que é muito mais do que ele pensava.  Aprendeu a praticar um olhar mais amplo sobre a existência, o amor e a amizade.

          A parte mais inesquecível do filme é a dança.  Basil e Zorba dançam juntos na beira do mar imenso, cuja profundeza simboliza o inconsciente, que só aprendemos usando, indo ao encontro do desconhecido, na arte de viver.  Zorba, o Grego, tem nessa dança uma metáfora da vida, em sua essência quando o espírito renasce em nós mesmos, através da amizade e do amor, ultrapassando todos os obstáculos.  Esse é o entendimento do filme (consciente ou inconsciente), e razão do seu sucesso .  A vontade de viver. 

          Zorba, o Grego, é um longa metragem, mas o filme ensina que não importa se a vida é longa ou não;  importa sim, viver com alegria, amizade, e principalmente Amor.  Afinal, Deus é amor. 
Vejam, um breve trailer do filme:
O renomado balé russo de Igor Moiseyev nos brinda com uma espetacular performance de "Sirtaki", a dança que ficou mundialmente conhecida através do filme "Zorba, o Grego" de 1964. É magnifico.

    
            

A MORTE NÃO EXISTE

Tunel da Morte           O fato que envolve a nossa morte corporal ou física, muitas vezes nos deixa confusos, ou amedrontados.  Às vezes, causam um certo desconforto, ou dúvidas de como deve ser a morte.  Mas, tudo isso é bobagem.  A rigor, a morte não existe, do ponto de vista espiritual.  E quando aquilo que é chamado de "morte" acontece, deve ser entendido como sendo a coisa mais linda que existe.  A realidade da vida nos mostra que esse fenômeno é normal e necessário, embora momentaneamente indesejado.

          O que acontece, é apenas uma mudança de habitação, quando deixamos de viver neste corpo material para viver em um corpo inteiramente espiritual, feito de outro tipo de matéria, sutil e energética, capaz de migrar para outros mundos inusitados.  Jesus nos conforta dizendo:  "Não tenham medo... na casa do meu Pai há muitas moradas..."  Mas, nós temos que preparar ou "construir" desde agora, o nosso almejado galardão ao alcançarmos essa nova morada em outros mundos, outras situações.  Acho que o bom cristão sabe o que significa isso.

          Para entender melhor o que e como ocorre este processo, uma jornalista chamada Yara, nos conta em detalhes, a sua experiência de morte física e retorno à vida terrena, experiência essa que modificou o seu entendimento da vida, após tal acontecimento.  É uma estória fascinante, através de um diálogo aberto e sincero.  Vou reproduzir essa estória contada por ela mesma, numa entrevista que concedeu a um entrevistador chamado Carlos.  Leiam na íntegra, o seu relato e tirem suas conclusões.

RELATO DA JORNALISTA YARA:

ENTREVISTADOR (CARLOS):  Bom dia, Yara.  Muito obrigado por você ter se colocado à disposição para nos contar a sua Experiência de Quase Morte.  Eu gostaria por favor, que você se apresentasse, e em seguida nos contasse tudo que você puder. 

          Ok, Carlos.  É um prazer estar recebendo você, e prazer também estar falando desse episódio que realmente ficou calado em mim, como em outras pessoas, por muito tempo.  Isso aconteceu há 34 anos, mas eu vou falar um pouquinho de mim.  Eu fiz direito na FIG (UNIMESP).  Depois eu fiz psicanálise na Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa.  Até então eu não trabalhava (para outros), porque eu tinha sido dona de uma loja, eu mexia com moda.

          Mas eu comecei a trabalhar em um jornal, como editora de moda, por causa da minha loja, e fui fazer a Faculdade Cásper Líbero.  Eu me formei em jornalismo, e foi onde eu atuei mesmo na vida. Fundamentalmente eu fui jornalista.  Agora, eu tenho 68 anos.  O episódio que aconteceu comigo foi há 34 anos,  eu tinha 34 anos de idade.  E diferentemente de outros depoimentos que eu vi (de outras pessoas), eu não estava em uma UTI.

          Eu não estava com uma equipe verificando (em cirurgia);  tinha sido uma presença em um consultório médico ginecológico dentro do hospital onde minha mãe estava hospitalizada no leito de morte de uma doença final.  E aí aconteceu que quando o meu pai chegou para decidirmos quem é que ia ficar com ela, eu antes de ir para o jornal (meu trabalho), eu passei no consultório do médico ginecologista do hospital, e perguntei se ele poderia me colocar um D.I.U., que é um dispositivo intrauterino.

          E ele disse: - "ah, sim, sem problema, vamos fazer agora?  - E eu falei: "pode ser".  - E ele disse: - então você me espera um instantinho. - E saiu da sala e eu fiquei aguardando.  Ele voltou com um anestesista.  Ele disse:  - olha, este é o anestesista, nós vamos fazer uma leve anestesia em você. - Eu disse: ah, doutor, mas eu já coloquei o D.I.U. inúmeras vezes e nunca utilizei anestesia.  Eu nunca tomei anestesia, eu não gostaria...

          Mas ele falou:  - Yara, em razão do processo emocional que você está passando, você acompanhando a sua mãe, então... mas não tenha receio de nada.  - E o anestesista completou as palavras do ginecologista:  - você vai acordar em seguida, é uma anestesia rápida. - Disse o anestesista.  - Eu nem sei, Carlos, se existe isso, porque eu nunca fui fundo nesse episódio que eu  considero de uma irresponsabilidade imensa desses dois profissionais.  Mas, como nunca passou pela minha cabeça buscar saber, eu deixei isso de lado.  Mas na verdade ele disse que eu iria acordar em 15 minutos, e que eu mesma iria me dirigir para o quarto da minha mãe.

O Túnel da Morte          E foi assim.  Eu concordei, e no ato em que ele fez anestesia, eu sumi... sumi.  Eu não me lembro de ter sentido nada, eu simplesmente apaguei.  E diferentemente de outros depoimentos, eu não me vi em altura nenhuma, eu apareci dentro de um túnel branco, maravilhoso, harmonioso, um local agradável, mas nada agradável para mim.  Eu estava ali, desesperada... eu estava no caminho do túnel, no meio do túnel, caminhando para cá e para lá, pedindo ajuda.

          Tanto na minha direita como na minha esquerda, existiam macas brancas, e no pé de cada maca um enfermeiro virado para a maca, ou seja, todas... Havia umas 20 ou 30 macas... umas 15 de cada lado, com todos os enfermeiros de costas para mim.  Quer dizer, que eu passava ali por aquele meio, e via essa equipe.  Eu considerei aquilo uma enfermaria.  Ninguém disse nada para mim, ninguém me viu.

          Mas eu sabia que eu estava morta, recém chegada... e aqueles todos estavam mortos também, recém chegados, e sendo assistidos.  Mas eu sabia, embora ninguém tenha dito isso para mim;  eu tinha certeza absoluta de que eu não estava sendo assistida por ninguém, eu estava sozinha ali, porque eu iria voltar.  Mas era preciso uma autorização.  Eu sentia que minha decisão de querer voltar mesmo, era importante, mas era necessário que houvesse uma autorização.  Aquilo que eu via era parte de uma hierarquia muito maior...

          Onde eu tive até... e isso fica até ruim de eu comentar, porque a equipe médica faz de tudo ali (na Terra) para ressuscitar, mas eu tive comigo também como se eu tivesse um conhecimento de que, mesmo a volta à vida, é decidida lá, ou seja, quando o médico consegue ressuscitar aqui na terra, é porque ali (no outro plano), já autorizou-se esta vinda.  Isso é nítido para mim, e faz 34 anos que eu passei por tudo isso, e que tudo que eu tenho a falar ainda, conforme você perguntar, é como se fosse ontem que tivesse acontecido.  É vívido.

          Eu, em momento nenhum tive dúvida de que "seria" um sonho.  Um sonho é uma coisa muito diferente para mim.  Em um sonho eu tenho dificuldades de ver... mas era branco?  Era uma casa?  Era o que?  Mas lá é tudo muito claro.  É a tua consciência, você tem plena ciência do que está se passando ali.  Como o túnel afunilava... eu tive comigo que se eu fosse até a beira daquele funil do túnel, eu talvez encontrasse um local de saída para mim.  Porque eu ia sair.

          E eu fui... fui... cansativo para mim... porque eu estava desesperada... eu dizia... me ajude... por favor... alguém me ajude... eu preciso voltar... por favor... quem é que eu estou esperando... alguém resolve o meu caso, por favor... e assim eu cheguei no fim daquele túnel... no funil daquele túnel.  Só que abriu-se um novo túnel... nas mesmas condições... branco igual,  um branco cintilante... uma coisa lúcida, uma coisa maravilhosa.  Abriu-se um novo túnel... e eu parei.

          Eu tive a impressão... "Não!"  "Aqui eu não posso entrar".  Eu vejo quando vocês perguntam sobre os limites.  Ninguém me disse que eu tinha um limite, mas eu sabia. "Não, aqui eu não posso entrar... é melhor eu voltar... Deixa eu voltar porque lá tem gente que vai me ver."  E eu voltei.  Então, Carlos, naquela volta, onde tinha pessoas, eu continuava pedindo... "por favor... alguém me ouça..."

Experiencia de Quase Morte          E ninguém me olhava... ninguém me via... ninguém me ouvia... ninguém fazia absolutamente nada... até que... um daqueles enfermeiros e enfermeiras... eu sabia que eram homens e mulheres, um daqueles enfermeiros... e era uma enfermeira... olhou para mim e ergueu a mão,  como se estivesse me autorizando.  E nesse momento... eu senti o meu corpo entrando dentro do meu corpo... já no quarto de morte da minha mãe... porque foi quando a enfermeira me levou.

          Eu tenho como contar para você de que forma me encontraram na sala de observação... eu estava sem nenhum dos médicos comigo.  Então, retornando, eu fui salva naquele momento.  Aquela autorização é que me permitiu aquela chegada.  Então uma enfermeira me levou com uma maca... e me colocou dormindo ainda, na cama do acompanhante.  Neste momento em que ela saiu, eu senti pelos meus pés, entrar uma massa pesadíssima, como se estivesse uma, duas toneladas, entrando e se encaixando no meu corpo.

          Não doeu nada... não foi sacrifício nenhum.  Aquilo só me assustou... "que que isso?"  O que entrou em mim?  Ou seja, o meu corpo.  Porque a partir de uns 5 minutos... aquele corpo entrou, e eu em cinco minutos já olhei... já vi meu pai ali... já desci... meio sonolenta mas sem dor nenhuma, sem incômodo nenhum... o corpo se encaixou, perfeitamente... e eu vi então o meu pai.

          Aí eu estava caminhando e ele falou: - mas filha, onde é que você estava? O que aconteceu?  Eu me esqueci de contar... no início... que eu não comentei com ele de que eu ia lá no consultório ginecológico... eu não falei nada... ele ficou no quarto pensando que eu estava no jornal.  Mas quando eu ia para a redação, eu voltava por volta de 18... 19 horas, e eram 23 horas e 30 minutos quando essa enfermeira me trouxe para o quarto.  Eu tinha saído do quarto (onde ficou) o meu pai, por volta de 9 ou 10 horas da manhã... tanto é que depois do procedimento, tanto o anestesista como o médico saíram do plantão.

          Isso eu sei porque eu perguntei para o meu pai.  Eu disse: "pai... aquela enfermeira que me trouxe aqui, disse o quê para você?"  Aí ele falou assim... "bem, ela me disse, que você estava na sala de observação... ela não sabe desde que momento, porque a equipe de enfermeiros da manhã, quando os médicos saíram... saiu também,"  A equipe da tarde chegou e não sabias nada do caso, porque não tinha indicação nenhuma do médico na sala de observação.  Ele não fez indicação nenhuma sobre esse caso... acho que porque ele se baseou naquilo que ele disse para mim, ou seja, que eu ia acordar em 15 minutos.

          Então, a equipe da tarde viu aquela moça na sala de observação, e elas devem ter falado: "mas qual é esse caso aqui?"  "Não sei, bom então deixa ela aí..."  A equipe da noite chegou, viu aquela moça ali, dormindo, e disse: - "mas quem é?  Que caso é esse aqui?"  Aí alguém disse: - não sabemos, a equipe da manhã não deixou nada escrito... a da tarde também não... nós não sabemos o que é essa moça.  Aí um dos enfermeiros da equipe falou assim:  - "mas eu conheço essa moça... essa moça é filha daquela senhora que está hospitalizada no quarto tal..."

          E me levaram dormindo mesmo.  E aí acontece aquela entrada no corpo... e essa é uma coisa também muito interessante, porque eu fiquei dormindo esse tempo todo nos três plantões... como é que eu fui acordar justamente no meu quarto?  No quarto para onde me levaram?  Foi o tempo dela me colocar na cama, sair do quarto depois de responder ao meu pai o que ele perguntou pra ela... porque ele lhe perguntou enquanto eu ainda estava dormindo... - mas a minha filha estava onde?

          Ela falou... "olha, o que eu sei dizer para o senhor, é isso que eu acabei de contar".  Ou seja, que eu já tinha ficado nessa sala de observação provavelmente desde o período da manhã, em que a equipe saiu... todo mundo achou que era um caso sem perigo nenhum... um caso que nem tinha... como é que se chama isso... um prontuário... - Sim, um prontuário, não existia um prontuário.  Isso porque ele me colocou um D.I.U. por gentileza dele... porque, conversando comigo, ele me contou que os meus tios eram clientes dele no Tucuruvi, há muitos anos.  Isso aconteceu comigo, aconteceu em um hospital em Guarulhos.

           Se for necessário eu até posso pesquisar, porque eu sei as datas, foi quando a minha mãe morreu. Eu posso levantar tudo isso para documentar.  É que fazer isso, nunca me interessou, porque eu sei que vou complicar esses profissionais... porque de certa forma eu podia ter morrido.  Eu morri, para mim, eu morri.  Morri... para mim, eu morri.  E se eu morresse mesmo, o que ele ia explicar para o hospital... o hospital não sabia que ele fez isso particularmente.

ENTREVISTADOR: você poderia ter tido uma reação anestésica...  eu devo ter tido uma reação anestésica, tanto é que depois, há pouco tempo, de 10 anos pra cá... eu já me submeti a três cirurgias, e eu sempre falo isso para o anestesista: - "Por favor, doutor, eu já tive uma EQM em uma anestesia, então o senhor tome cuidado."

          E os anestesistas dizem para mim:  - "não se preocupe, D. Yara, a senhora está aqui em um hospital que tem todos os recursos para traze-la de volta..."  Só que mal eles sabem, Carlos, que o recurso, não posso garantir, mas eu acho que o recurso não está aqui no hospital... está lá, em outro plano, na hora em que, de acordo com o livre arbítrio, a pessoa que está vivenciando a experiência quer voltar, ou aceita voltar... e depois ela acorda aqui, baseada na ressuscitação do médico.

          Ah, só tem mais um detalhe que esqueci de te contar.  Eu estava, quando cheguei no quarto da minha mãe, com um avental ginecológico, que é aquela roupa que uma mulher usa numa cadeira ginecológica, que era o meu caso.  E quando eu me vi naquele... quando eu apareci naquele túnel, eu estava vestida com uma roupa que nunca foi minha, eu nunca tive aquele roupa.  Era uma saia plissada que estava até grande em mim.  Ela foi virada na cintura porque ela era grande em mim, e uma camisa que eu nunca tive.

ENTREVISTADOR:  isso quer dizer que você se olhava...  - Eu me via, eu me via. - Você parecia normal...?  Eu me via normal... normal... eu me via, mas não era como se eu estivesse em frente a um espelho;  mas eu sabia como estava vestida, eu sabia.  - Você sentia leveza?  Eu não senti peso nenhum, mas eu me sentia normal, caminhando normal, e estava a caminho... - sua vista parecia normal? A forma de enxergar as coisas?

  Sim, eu via tudo normal.  - Uma coisa que você comentou comigo quando nós conversamos por telefone... foi uma mudança que você teve em um hábito comportamental...  Sim.  - Você gostaria de falar sobre isso?  Eu posso falar.  Era assim... Eu fui noiva, com casamento marcado, eu tive uma vida bem tradicional...

          Eu estudei em colégio de freiras, eu era uma moça, e conheci um rapaz que foi meu noivo, e nós pensávamos da mesma forma; nós respeitávamos sim, um casamento.  Então eu fui noiva durante quatro anos, e por algum motivo isto não deu em casamento, não deu em nada.  A partir daí eu comecei uma vida nova.  Eu contestei essa minha forma tão disciplinada, tão cheia de propósitos, e pensei:  "não... isso não deve ser assim..."  Depois, quando eu comecei a pensar quem eu sou, o que eu vou fazer da minha vida...

          Não vou mais casar com esse homem, eu vou ser solteira... o que eu vou ser?  Eu tive uma tendência muito grande a querer ser solteira, de não querer ter compromisso nenhum com ninguém, para viver a vida.  Eu era assim.  Após a EQM, eu fiquei uma pessoa que nem eu mesma me conhecia, mas eu não associei nada à EQM.  Estou associando agora, porque com o mexer nisso tudo, ao ouvir os depoimentos de outras pessoas, eu pensei... "será que eu mudei?"

          E caiu a ficha.  Realmente eu mudei.  Porque, passado esse episódio do noivado, que não deu certo, eu vivi uma vida como todas as meninas da minha idade, livres de pensamento... Eu era um ser livre.  Para mim, estar namorando ou não, conhecendo pessoas em uma festa, enfim, para mim, quando se formava um casal de bem querer, comigo, ir para a cama, dormir com aquela pessoa, não tinha nenhum problema, era uma coisa muito natural para mim, muito natural.  (Antes).

          Após a EQM, eu perdi essa naturalidade.  E o que é mais interessante, Carlos, é que quando isso era natural para mim, eu nunca quis mudar.  Não era um comportamento em mim que eu dizia assim:  - "gente, eu preciso mudar... eu tenho que ser mais cuidadosa com isso."  Não.  Eu achava super certo... eu vivenciar aquilo lá. Eu nunca fui uma mulher promíscua, sempre tive o respeito dos meus parceiros, embora para mim fosse assim como beber água...

          Eu não precisava de nada, era simplesmente nós conosco mesmo.  Bom, na verdade, Carlos eu não criticava isso em mim.  Como por exemplo, eu te disse há pouco sobre o cigarro;  cigarro é um comportamento que você fica dizendo: - "eu preciso parar... eu preciso parar... eu preciso me modificar..."  Mas não, esse comportamento para mim era uma naturalidade, e eu gostava disso em mim.  Era bom eu ser assim.  Eu mudei.

          Eu não percebo exatamente como, mas essa naturalidade, de fazer de qualquer forma, com qualquer um, dê no que der, isso nunca mais aconteceu comigo.  Eu passei a ter um cuidado muito maior, eu achava até esquisito, porque tinha vezes que eu pensava: - "mas porque eu perdi essa naturalidade?"  Eu queria retomar essa naturalidade.  Nunca mais consegui.  Foram 34 anos em que eu vivi essa vivência assim, tendo perdido a minha naturalidade.

          Não que eu tenha sido uma moça que não fiz mais nada... não, não.  Eu buscava um casamento, filhos, uma coisa que nunca tinha passado pela minha cabeça... porque eu queria mesmo ser solteira, ser livre, eu tinha sido noiva durante quatro anos, eu achava muito pesado tudo aquilo que eu vivi, e não deu certo.  Eu não queria mais um casamento.  Mas a partir dessa mudança de comportamento, eu percebia que eu queria um par constante, eu queria ter filhos...

          Eu não queria mais ir em festas, porque como eu já disse, eu era colunista social num dos jornais em que trabalhei, eu queria ler, eu queria ficar quieta, como eu sou hoje.  Eu sou felicíssima, eu troco qualquer convite que eu receba, por um bom livro que eu tenha comprado, ou que tenha me chegado às mãos, então, eu sou felicíssima assim, é uma escolha minha agora, mas agora eu tenho 68 anos, e na época eu tinha 30 anos, 34 anos.

ENTREVISTADOR:  você disse que ia nos contar sobre aquela enfermeira...  - Ah, sim.  Quando eu estava lá (no outro plano), eu tive a oportunidade de ver essa mão que se ergueu, eu vi o rosto dela. No meu depoimento nada é nebuloso, tudo é correto.  Eu me via como eu sou agora, e eu vi, vi essa mulher... porque os outros estavam de costas para mim, mas esta mulher quando se virou para mim, eu a vi como se fosse... você, como estou vendo você, nítida.

          E quando eu vi essa mulher, erguendo essa mão, me ajudando, eu pensei comigo... "eu conheço essa mulher... mas quem é?"  Não vei na minha cabeça na hora, nada.  E nem, nesse tempo todo, nunca veio na minha cabeça que seria essa mulher.  Mas, há pouco tempo, eu pensei... "eu sei quem é essa mulher."  E, eu matei a charada.  Essa mulher, eu não a conheci pessoalmente, eu a conheci pela televisão, porque ela era uma freira da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, e amiga do meu pai.

          O meu pai tinha um automóvel Rural Willys, e ela, como conhecia o meu pai por causa dos negócios imobiliários da Santa Casa; meu pai era corretor, e ela lidava com os negócios imobiliários da Santa Casa.  Eles se conheciam, eram amigos, e o meu pai levou-a várias vezes com as freiras para a cidade de São José, porque elas tinham um outro colégio lá em São José.  Ele falava: - "ah, eu tenho um compromisso com a irmã Marta, eu tenho um compromisso com a irmã Marta".

          Ela chamava-se irmã Marta.  É falecida, sim.  Eu nunca fui apresentada à irmã Marta, eu conheci a irmã Marta pela televisão, porque ela deu uma entrevista em uma ocasião em que meu pai estava do meu lado, e ela disse: - "essa é a irmã Marta..."  Então eu vi a irmã Marta.

          Por isso que lá, naquela... quando vi aquele rosto, eu pensei: - "eu conheço essa mulher".  Mas eu não sabia como, porque eu não conhecia essa mulher.  Essa mulher, coincidentemente me ajudou... ou... ela percebeu alguma ligação, que eu era filha de um homem que foi amigo dela.  ENTREVISTADOR: Você, quando estava naquele túnel... que aparentemente parecia um corredor hospitalar...  - Isso, isso ele era assim... era como um hospital;  parecia uma enfermaria.

ENTREVISTADOR:  você teve uma mudança de percepção do tempo ou do espaço?  Deixe-me explicar um pouco mais sobre isso;  algumas pessoas comentam que, por exemplo, elas querem olhar para um lugar e parece que o lugar se aproxima delas...  Não. O tempo lá não é como o tempo aqui, de forma alguma.  Não, eu não percebi dada disso, a única coisa que fiquei, que eu nunca tinha visto na vida, e que nunca verei neste mundo, foi quando eu cheguei no funil do túnel, e se abriu um enorme e maravilhoso, com o dobro do tamanho daquele túnel, em questão de segundos, abriu-se um novo túnel.

ENTREVISTADOR:  e o que tinha nele? - Nada.  Era branco translúcido, e ninguém.  Era um túnel vazio.  - E você sentia prazer só de olhar?  - Não, eu senti prazer de olhar porque era lindo e porque se manifestou... uma coisa incrível, como é que uma abertura de 3 metros abre-se à minha frente com 30 ou 40 metros, num novo túnel imento e lindo e vazio... vazio.

ENTREVISTADOR: essa hierarquia que você sentia, você pode falar um pouco sobre ela? - Essa hierarquia... Eu entendia na minha consciência porque eu estava completamente consciente de que tinha morrido, de que alguém precisava me ajudar, para eu sair de lá, e que ali era uma coisa, através da qual, hierarquicamente se chegaria a uma mente maior  E eu estava próximo aos subalternos, aqueles que fazem parte da hierarquia que são a base da pirâmide.  Então quem atendia, que eu vi, que estava ao meu redor, era a base da pirâmide.
A Pirâmide
           Aquela pirâmide, hierarquicamente, é feita de mentes que estão muito mais além do que nós, do que os maiores sábios e maiores cientistas daqui, do nosso plano.  Talvez eles não cheguem no meio da pirâmide.  Tem gente hierarquicamente em outras posições... posições imensas que um dia nós vamos conhecer.  Para mim isso é claro.  Eu estive na base da pirâmide... a hierarquia é o topo da pirâmide, talvez seja Deus, mas nós, Deus e nós somos uma coisa só.

ENTREVISTADOR:  você diria que você estava numa outra dimensão?    - Com certeza. Eu jamais vi na vida ou em viagens ou em filmes, algum túnel como aquele.  Aquilo é inacreditavelmente de outra dimensão.  E quando ele se abriu, então na minha frente, foi o momento mais chocante que eu tive.  Ver aquele túnel que eu esperava ter chegado ao fim dele, e se abrir um novo e imenso túnel, ou seja, lá eu vi coisas inacreditáveis de poder acontecer.

ENTREVISTADOR:  Yara, você comentou que ninguém falou com você... você não ouviu nada... mas de alguma forma você se sentiu impelida a contar essa história?  - Sim, porque eu me senti de todo informada.  Não falavam comigo, mas eu era informada.  Eu sabia que eram pessoas mortas recém chegadas que estavam nas macas... ninguém me disse, mas eu tinha certeza.  Eu sabia que eu tinha morrido, mas que eu ia voltar... eu sabia... eu só estava esperando uma autorização, enfim, eu era informada, e nessas informações que eu recebia...

          Eu tive a... como é que eu falo... a impressão de que esta mulher teria dito assim... - Yara... ela falou como que dizendo: - "não era para você estar aqui".  Yara, quando você estiver por lá, e tiver a oportunidade, divulgue.  Divulgue, fale daqui... entendeu?"  - Mas eu nunca falei.  Eu falei muito pouco desse túnel aqui, porque eu não entendi que era para falar assim que eu chegasse.  Agora que eu estou remexendo com tudo isso, vejo que talvez era para eu ter falado bem antes disso.  Mas tudo bem, sempre há tempo para isso, porque eu não entendi.  Eu achei que quando alguém me perguntasse sobre isso eu falaria.

ENTREVISTADOR: e alguém perguntou?  - Nunca, nunca alguém me perguntou isso, porque eu nunca disse que tive uma EQM, a não ser quando estou hospitalizada, que eu falo com o anestesista: - "Por favor, doutor, eu tive uma EQM.  Eu tive uma quase morte".  Sabe o que eles me falam? - "A senhora pode ficar tranquila, porque tenho todos os recursos para traze-la de volta, e depois, isso não é morte.  A senhora sabe que é produto dos remédios que a senhora tomou na anestesia..."  E aí, Carlos, eu me calo, porque se eu for contar para ele o que eu passei, e a certeza absoluta que eu tenho disso... Ele vai dar risada, porque ele crê que é um efeito da anestesia.

ENTREVISTADOR: se você fosse dar um recado para as pessoas que vão assistir o seu relato, qual seria ele? - Eu diria assim:  praticamente eu conheci a morte, e a morte, pessoal, não existe.  Eu estava ali com meu corpo;  eu era a Yara que sempre fui... eu fui ajudada de formas como já fui ajudada na Terra também, mas de uma forma diferente, porque aquela ajuda que obtive ali, dentro... daquele túnel... foi fundamentar para a minha volta.

          Então eu quero que vocês saibam que eu não tenho medo nenhum da morte... antes eu tinha sim, eu achava que... eu não queria morrer de jeito nenhum, porque era muito esquisito para mim... eu não conseguia entender o que era a morte.  Hoje eu entendo perfeitamente, e é isso que eu falo para vocês... a morte é a coisa mais linda, e nos relatos de quem esteve em outras dependências daquele local onde eu estive... aquele local onde eu estive é cercado de outras dependências que eu não tive oportunidade de ver, mas que devem existir sim, eu acredito... nos jardins, nas flores, nas comunidades que foram vistas ali, nos grupos de pessoas...

          Eu acredito em tudo que eu já ouvi nesses depoimentos de EQM, e percebo que essas pessoas não contam um sonho que tiveram;  eles contam o que eu estou contando pra você.  Isso é o que eu vivi... eu vivi e não me esqueci de um detalhe sequer. É completamente claro para mim. E A MORTE NÃO EXISTE. 
COMENTÁRIO FINAL:

          De acordo com a estória dessa jornalista, os "desencarnados" habitam o mundo espiritual (Nosso Lar, segundo André Luis), e lá são internados num hospital, providência essa, quase sempre necessária para o devido tratamento de saúde.  Entendemos que deve ser um hospital semelhante ao nosso, mas de uma tecnologia espiritual avançadíssima, pois tratam do nosso corpo etéreo (energético), que deve ter sofrido vilipêndios de toda espécie aqui na Terra.

          Uma vez tratadas, essas pessoas serão devidamente encaminhadas para suas tarefas ou trabalhos específicos, de acordo com os desígnios celestiais (que não nos cabe saber ou questionar). No mundo espiritual, ninguém gozará de descanso (vadiagem) eterno, e nem ficará vagando no espaço como "alma penada".  Todos nós continuaremos com atividades especialmente planejadas para nós.  Nossa utilidade será necessária e recebida com boas vindas em nossa nova morada.  Temos como exemplo ou referência desta afirmação, aquela freira Marta, conforme o relato da jornalista Yara.

          Outro aspecto a ser considerado, é o seguinte:  existem doenças físicas, sentidas em nosso corpo, e que nós conhecemos muito bem.  Estas são facilmente tratáveis aqui ou em outra seara espiritual, pois afetam também o espírito. E existem doenças que não são físicas, e sim mentais, como é o caso dos psicopatas.  Doenças mentais são muito mais graves do que as físicas, pois afetam o espírito (a alma) desde aqui na Terra, e continuam no plano espiritual após desencarnarem.  É misterioso, o porquê acontecem tais doenças.

          Essas almas (ou espíritos), de acordo com os desígnios celestiais, talvez sejam encaminhadas para outras moradas específicas (de doentes mentais), ou talvez mereçam encarnar novamente aqui na terra, em condições cármicas terríveis, conforme o caso, para expiação de suas falhas culposas.  Este assunto porém é de domínio mais sapiente na filosofia espírita de Alan Kardec.  Tudo o que nós precisamos, é acreditar em Deus, que nos criou, e que o Seu espirito habita em nós (centelha divina), e que realmente, A MORTE NÃO EXISTE.  

(OBSERVAÇÃO:  Quem tiver curiosidade de assistir em vídeo a palestra da jornalista Yara, conforme a sua estória aqui relatada, poderá acessar esse vídeo no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=EXLMzPGkq6g&t=1042s

Vídeo esse, publicado em 1 de junho de 2019 = Esse vídeo, não foi aqui publicado, devido seu arquivo superior ao suportado pelo Blog) - Vejam porém, outro vídeo:

       


 

       

       

       









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