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TESEUS E MINOTAUROS


Mitologia Grega

          A LENDA:  Na mitologia Grega, há muitos e muitos anos antes de Cristo, conta-se a estória de Teseu e o Minotauro.  Sendo que essa estória já é conhecida, vamos resumi-la apenas para ilustrar com palavras, o nosso tema acima pluralizado.


          O Minotauro era um monstro, meio homem meio touro, que devorava as moças jovens que Atenas lhas entregava como pagamento de um tributo devido a um rei de uma civilização opressora. Teseu era um herói grego, ateniense, que se ofereceu espontaneamente para enfrentar a fera.  Conta essa lenda mitológica, que Ariadne, namorada de Teseu, entregou-lhe um novelo de linha, para que Teseu pudesse entrar no labirinto onde morava o monstro Minotauro, e com essa linha, marcar o caminho de volta.

          E assim foi feito; Teseu entrou no labirinto, marcando o caminho de volta, venceu o Minotauro, e libertou Atenas daqueles sacrifícios (tributos) humanos.  Em resumo, esta é a estória que conta a Mitologia Grega, entre tantas estórias maravilhosas da Grécia antiga. 

          A VERDADE OCULTA:  essa estória, contada pelos gregos, tinha como objetivo, esconder uma realidade vergonhosa para o povo de Atenas.  Naqueles tempos, havia muitas guerras entre os povos, e era muito comum, uma nação conquistar a outra e subjugar o povo assim conquistado.  Isso feria, digamos assim, o orgulho e a soberania da nação conquistada e escravizada. 

          Então, para minimizar essa vergonha, acreditavam os gregos, que seria muito menos vergonhoso, deixar para a história, a ideia de que a sua opressão se devia por causa de um monstro terrível, que ameaçava sua nação, e cuja ira somente podia ser aplacada com o sacrifício humano das indefesas moças jovens.

          Depois, quando aquela situação vergonhosa era superada de algum modo, criavam outro mito, ou seja, de que Teseu, um bravo guerreiro ateniense, teria vencido e liquidado a fera, libertando assim o povo do seu jugo insólito.  Esta, era a verdade oculta por trás de um mito.

          A MITOLOGIA SE REPETE:  hoje, nestes tempos modernos, parece-nos que esta estória se repetiu de uma forma muito semelhante.  Um novo "Minotauro", e um novo "Teseu".  Talvez, muita gente não concorde com a comparação que vamos fazer, ou ainda, com a veracidade da estória com a qual vamos "protagonizar" este comentário, mas como diz um ditado popular:"acredite quem quiser".

          Vamos à estória: ... durante algum tempo, ouvimos falar muito, de um tal Osama bin Laden.  Vimos até a sua "imagem", em vídeos pela televisão.  O terrorista mais procurado do mundo, e ninguém conseguia encontra-lo.  Osama Bin Laden, a quem foi atribuída a responsabilidade pelo ataque de 11 de setembro de 2001 com a destruição das torres gêmeas dos Edifícios no World Trade Center, em Nova Iorque, Estados Unidos. 

          Passado algum tempo, em 2011 o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (nosso Teseu moderno), anuncia ter facilmente liquidado com o Minotauro (Osama Bin Laden), e diz que mandou atirar o seu corpo no mar.  Mas, "há controvérsias"... Ninguém viu o cadáver, nem mesmo uma fotografia do Bin Laden morto. 

          Ou então, como se diz : "matou a cobra mas não mostrou o pau"... Quem é que vai acreditar? Quer fazer a gente de bobo?  Acreditamos que tudo não passa de um mito:  nunca existiu esse Minotauro (chamado Osama Bin Laden), e a sua derrota foi simplesmente para atribuir o crédito ao nosso Teseu moderno, protagonizado por Barack Obama, e assim lavar a honra de um país poderoso, os Estados Unidos, que não foi capaz de evitar o ataque de 11 de setembro. Ponto.  Não se fala mais nisso. 
          (Ora bolas, me engana que eu gosto). 

PATO OU GALINHA?

          Sempre fui um funcionário "pato" na vida.  Ou seja, aquele que trabalha, trabalha, apresenta resultados, mas acha que tudo é bastante natural, e nunca alardeia seus feitos como se fosse algo extraordinário.  Alguém já viu um ovo de pato?  Pois é.  Quase ninguém fala do ovo de pato.  Ovo de pato é quase um desconhecido.  


          O mesmo já não acontece com a galinha, porque quando ela "bota" um ovo, sai cacarejando, e de forma tão estridente que todo mundo fica sabendo: - "co-có-ricó, co-có-ri-có, olha aqui, botei um ovo... co-có-ri-có, co-có-ri-có..."  E, na maior das vezes, o seu "ovo" não é lá grande coisa.

          Às vezes, fico a pensar com meus botões; será que estou certo ou errado? Será que eu também deveria fazer como a galinha que "espalha o seu feito aos quatro ventos?"  Há quem considere essa atitude como vantajosa ou até necessária hoje em dia quando se trabalha numa empresa.  Seja como for, acho que prefiro mesmo é ser como sempre fui; modesto, e em paz comigo mesmo.  A propósito, vou contar uma estória (verídica), dentro do tema anserino galináceo. 

          ... Certa vez, quando eu trabalhava no escritório de uma Empresa, meus superiores mandaram uma moça, ou melhor, uma senhora para trabalhar comigo.  Uma verdadeira galinha, no sentido laboral que estamos enfocando.  Mas era tão galinha, que às vezes "ouvia cantar o galo sem saber onde", mas já se apoderava do feito para anuncia-lo como de sua produção. 

          E eu, quase sempre o verdadeiro "dono do ovo", estranhava esta sua atitude, mas permanecia calado. Não ficava com raiva dela não, porque experiente da vida e já velho de casa, eu sabia que ela tinha muito que aprender, e além do mais, "não medram galinhas em casa de raposas".  Na verdade, faltava-lhe uma coisa muito importante: sabedoria.

          Em nossa vida prática, necessitamos de muita sabedoria para sobreviver à luta diária, principalmente trabalhando numa Companhia em meio a !raposas" das mais diferentes espécies. Mas ela era ambiciosa, e não media esforços para sobrepujar-se da maneira que podia. 

          Certa vez, na presença de outros subalternos, e referindo-se a mim, disse: - "o meu coleguinha aqui..."  Ela usou de um diminutivo, não na forma afetiva da palavra, mas de uma forma sutilmente irônica. Pensou que eu não percebi.  Engano seu.  Sua intenção era revestir-se de uma importância, na qual pudesse projetar uma sombra à minha presença. Mas, como bom pato e com sabedoria, fingi que não entendi sua pretensão.

          O que muita gente não percebe, é que nossas atitudes bem como nossas palavras, quando são dirigidas de forma sincera, passam sinceridade às pessoas, e a recíproca também é verdadeira, quando são de falsidade ou ironia. 

          Essa galinha, digo, essa moça, às vezes me tirava do sério, mas eu a tolerava, porque no meu mais profundo interesse, eu também precisava que ela ficasse do meu lado.  Muitas vezes eu tentava ajuda-la, com alguns conselhos de vida.  Como por exemplo, que o amor somado à inteligência, resulta em sabedoria. 

          Que isto, mais que uma regra, é uma lei espiritual regendo a nossa vida.  Funciona como as leis da química, onde dois elementos diferentes corretamente dosados resultam em um terceiro elemento.  Em se tratando de uma lei, não há como fugir ao seu resultado.  Mas não sei se ela conseguia captar o verdadeiro sentido destes conceitos filosóficos que eu lhe passava. 

          Péssima em redação, esta moça nunca teve a humildade de reconhecer o seu ponto fraco, e sempre me pedia ajuda: - "você que tem as palavras certas para o pessoal daqui..."  ou seja, ainda culpava o "pessoal" do escritório por seus hieróglifos ininteligíveis.

          Por vezes, faltava-lhe também habilidade na comunicação oral.  Dependendo do problema que surgia na Empresa, às vezes o assunto lhe caia como um verdadeiro "ovo de Colombo", de tão complicado, e na tentativa de me passar aquilo que lhe preocupara, excedia-se em detalhes que tornavam difícil o entendimento da sua comunicação. 

          Eu pedia para ela repetir, e ela, inspirando um ar de toda poderosa, retrucava: - "Preste atenção, vou repetir"  (como se me dissesse: preste atenção, seu burro, que vou repetir); e falava tudo novamente, cometendo os mesmos excessos verbais.  Eu captava o sentido de suas palavras, e resumia o problema dizendo-lhe apenas: - "O Sr. X nos retransmitiu um Fax e pede que você o responda e lhe submeta à apreciação a sua resposta.  É isto que você quer me dizer?"  - "Sim, é isso mesmo, mas não sei como devo responde-lo..."

          Eu, como sempre, no interesse maior da Empresa, acabava respondendo o Faz:  e para mim, a tarefa de redigir uma resposta a um fax, era "galinha morta", mas para ela era uma oportunidade para que pudesse vangloriar-se da sua "inteligente resposta".  "Trabalha o feio, para o bonito comer".

          Há muito que aprender no transcurso de uma vida, e a Sabedoria Popular já consagrou muitos conselhos, principalmente a todos aqueles funcionários ou funcionárias espalhados por aí, nas Empresas, quer "cantem de galo" ou assumam a sua posição de galinha mesmo. Vale a pena observar:

          "Quando a galinha dorme, a raposa vela";
          "Galinha que muito cisca, acaba na boca da cobra";
         "Ainda que o galo não cante, a manhã sempre rompe";

          Todos estes conselhos sugerem prudência, porque afinal,
          "GALINHA QUE CACAREJOU, BOTOU",
Anserino galináceo



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ESTÓRIA DE UMA CADELINHA


Bolinha

          Eu trabalhava numa empresa de ônibus.  Na garagem da empresa, além do prédio administrativo, havia um grande pátio para estacionamento dos ônibus e outros veículos de apoio.  Havia também um refeitório anexo, e um local reservado para o estacionamento de carros particulares.  Ao lado do estacionamento, um monte de ferragens e pneus velhos.  Este é o cenário onde se desenrola a nossa estória. 


          Foi numa chuvosa manhã de verão, quando notei pela primeira vez, no pátio dessa garagem, a presença singular, de uma cadelinha "vira-lata".  Arredia, medrosa, escondendo-se por debaixo dos veículos estacionados, à aproximação de qualquer pessoa.  Sabendo-se uma intrusa, temia ser enxotada com violência impiedosa a que devia já estar acostumada. 

          Não sei dizer há quanto tempo, ou há quantos dias, escolhera aquela garagem para seu refúgio, mas é certo que fora atraída pelo movimento do refeitório, satisfazendo-se com alguma comida que, à distância, lhe atiravam. 

          Era dessa forma, que as pessoas tratavam aquela cadelinha magra, de aparência asquerosa, pernas tortas e fracas, portando uma barriga enorme, maior que o corpo, e tetas apontando para o chão.  Na costumeira estratégia de esconder-se das pessoas que dela se aproximavam, a cadelinha muitas vezes metia-se por entre os latões sujos de óleo, e seu corpo ficava impregnado de uma mistura de óleo e terra.

          Sempre gostei de animais, mas não sei porque, aquela cadelinha vira-lata me sensibilizou de forma especial, apesar de sua aparência nada agradável.  Fato curioso também, é que os dias passavam, estas cenas se repetiam, e nunca se lhe ouvira um latido.  Parece que na sua humildade, o seu instinto lhe dizia para não incomodar as pessoas, ou poderia ser expulsa por perturbar o silêncio que só podia ser quebrado pelo barulho dos motores dos veículos. 

          Não tive sucesso na minha primeira tentativa de aproximação da repelente criatura;  apavorada, escondia-se por debaixo dos veículos estacionados, e seu coração devia bater em ritmo disparado, num misto de ansiedade e pavor. 

          Mas aos poucos, fui ganhando a sua confiança, pois eu tentava de todas as formas, persuadi-la, amenizando o que mais lhe doía, ou seja, a fome.  Mostrava-lhe comida.  Ela se aproximava desconfiada.  Qualquer gesto meu, mesmo de afago, ela se esquivava, amedrontada. Esperava de longe, pela comida.  Um pedaço de pão, de queijo, ou de biscoito.  Apesar de gostar de carne, ela não era muito exigente, ou não tinha mesmo escolha para comida.  Desta forma, não foi difícil convence-la de que eu não pretendia molesta-la. 

          Agora, quando me via, já se aproximava com toda humildade que lhe era característica.  Ela não tinha dono, nem nome.  Chamei-a carinhosamente de "Bolinha", por causa da sua enorme barriga.  Parece que ela gostou do nome, porque bastava agora pronuncia-lo para que seus olhos brilhassem e sua boca mostrasse os dentes num lindo sorriso. 

          Os dias foram passando, e a Bolinha já perdera um pouco daquele aspecto horripilante, e já ganhara também a simpatia de mais algumas pessoas na empresa.  O próprio cozinheiro junto ao refeitório, lhe preparava uma refeição regular na hora do almoço, com restos de comida. 

          Com o passar do tempo, eu já me fizera um amigo da Bolinha.  Todos os dias, na parte da manhã, chegando ao trabalho, eu era recebido festivamente pela nossa amiga.  Ela me acompanhava até um certo limite do pátio, numa distância que separava a calçada do escritório.  Ali ela parava, e ficava me olhando, até que eu desaparecesse, adentrando ao prédio.  à noite, ao término do meu expediente, de longe eu acionava as travas elétricas do meu carro, com um dispositivo de controle remoto, que produzia um apito característico.  Esse apito era reconhecido pela cadelinha, que vinha correndo ao meu encontro, de forma engraçada, com suas perninhas tortas. 

          Conversávamos um pouco, e muitas vezes, eu já sentado ao volante, mas com a porta do carro aberta, ela colocava suas patas dianteiras sobre o banco e apoiava a cabeça sobre o meu colo, num gesto de atenção e carinho de despedida.  Minhas roupas sempre ficavam sujas com esses agrados.  Sujeira de terra ou de óleo, mas eu não ligava.  Afinal, o expediente já terminara.  

          às vezes, na despedida eu lhe dava alguns biscoitos ou queijo, mas isto não era muito frequente, porque a Bolinha já não era tão esfomeada como quando chegou na empresa.  Apesar de contar praticamente com apenas uma refeição diária, perece que ela já se habituara a este racionamento. 

          Os dias passavam, e nossa amizade era percebida e comentada pelas pessoas na empresa. As mais sensíveis compreendiam e me ajudavam a cuidar da Bolinha.  Até prepararam uma cama especial para ela, feita de caixotes, aguardando os filhotes que estavam para nascer.  Já as pessoas insensíveis, faziam pilhérias com a "filha" que eu havia arranjado.  Eu não ligava.  Continuava como sempre, dando-lhe a minha atenção. 

          Certa noite, na despedida costumeira, notei que a Bolinha não estava muito bem.  Mas de qualquer forma, ela se mostrou como sempre, atenciosa e amiga.  Fui embora preocupado, e cheguei a comentar este fato com minha esposa. 

          No dia seguinte, fui para o trabalho ansioso para saber como a cadelinha havia passado a noite, e se já estaria melhor.  A Bolinha desta vez, não veio me receber.  Senti crescer minha preocupação, mas qual não foi minha surpresa, quando vieram com alegria me contar, que os filhotes haviam nascido!  Seis lindos filhotes, dois machos e quatro fêmeas, e lá estava ela, a Bolinha, na sua cama de caixotes, zelosa, ciumenta e orgulhosa de sua prole. 

          Isto foi, na manhã do dia 9 de abril 1997.  Nesta manhã, e durante o dia todo, a Bolinha não saiu de sua cama, sequer para uma refeição.  Apenas na manhã seguinte, a Bolinha veio me receber, e dando pulos e uivos de alegria, parece até que ela queria me dizer: - meus filhotes nasceram, como são lindos! Você viu? Au, Au, au...  Au, au, au...

          Nos dias que se seguiram, Bolinha recebia visitas até de pessoas que antes não se importavam com ela.  Todos queriam ver a ninhada de filhotes.  Mas outro fato curioso, é que a Bolinha não deixava ninguém, a não ser eu, seu amigo, se aproximar dos filhotes.  A todos rosnava e avançava ameaçadora.  Mas eu tomei em minhas mãos, cada um dos lindos filhotes, sem qualquer protesto da Bolinha. Ela apenas olhava atenta para os meus gestos.  Que lindos filhotes!  Quase todos brancos por inteiro, e apenas dois, tinham algumas manchas herdadas da mamãe Bolinha, que era branca, porém com acentuadas manchas pretas e marrons.

Veterinário: os cachorrinhos nasceram lindos e famintos.  Bolinha, mãe dedicada, não se afastava deles.  Amamentava-os durante quase todo o tempo.  Passado quase um mês, certa noite, como de costume, fui despedir-me, agora de toda a família.  Mas nesse dia, a mamãe Bolinha, não estava bem. Eu a encontrei fora de sua cama, deitada no pátio.  Queria levantar-se para vir ao meu encontro, mas estava fraca.  Deitou-se aos meus pés, com as pernas esticadas, duras, e apenas abanava o rabo. 

          Fiquei apavorado.  Pensei que a Bolinha estivesse morrendo.  Fui para casa, contei à minha esposa, e juntos, saímos de carro à procura de um veterinário.  Enquanto e dirigia, minha esposa tentava pelo telefone celular, ligar para algumas clínicas veterinárias.  Mas sem sucesso.  Àquela hora da noite, por volta das 20:00 horas, parece que todos os veterinários já não trabalhavam.  Por sorte, passamos diante de uma clínica cujas portas estavam abertas.  Ótima clínica, por sinal. Explicamos o acontecido, e o veterinário se prontificou atencioso, em atender a Bolinha na garagem da empresa. 

          Levou seu assistente, e sua maleta de socorros.  Fomos encontra-la  à  uma certa distância do local onde eu a havia deixado.  Parece que ela tentara se locomover, mas não se aguentou sobre as pernas.  Estava deitada do mesmo jeito, com as pernas estiradas e duras.  O assistente do veterinário a tomou nos braços, naquele local do pátio meio às escuras, e a levamos para uma sala iluminada, no interior do prédio do escritório. 

          O médico veterinário a examinou, e aplicou-lhe uma injeção na veia da perna.  A reação, foi quase instantânea;  Bolinha se reanimou, conseguiu mover-se e apoiar-se sobre as pernas.  Segundo explicou o médico, a Bolinha havia sofrido um "eclampse" pós-parto;  por ser muito dedicada, deixava que os filhotes lhe sugassem, insaciáveis, mas a comida que ela ingeria não tinha as qualidades necessárias ao próprio sustento e dos filhotes.

          Recomendou alguns medicamentos, complexo de vitamina e cálcio para a Bolinha, o que segui à risca, misturando-os em sua comida, nos dias que se seguiram.  O veterinário admirou-se do tamanho dos filhotes, que aparentavam ser de raça não definida, porém de um porte muito maior que o da mãe.  Recomendou também, em razão do seu diagnóstico, que os filhotes deveriam ser retirados da mamãe Bolinha, ou ela não teria saúde bastante, para amamenta-los. 

          Me deu pena retirá-los, e não o fiz imediatamente à sua recomendação.  Passados três ou quatro dias, sob um olhar de pesar e de protesto da Bolinha, retirei três dos filhotes, e os distribuí a alguns amigos dentro da empresa.  Bolinha parece que se conformou com o desfalque, e continuou, zelosa como sempre, cuidando dos três restantes.

          Continuei sempre atento ao estado de saúde da minha cadelinha. E assim foi que, passados mais alguns dias, notei outra vez que ela não estava bem.  Novamente apresentava um estado de fraqueza.  Telefonei para o veterinário, que aconselhou deixar a Bolinha internada naquela tarde e naquela noite, até o dia seguinte em sua clínica, para uma observação mais prolongada e para devida medicação. 

          Coloquei-a no meu carro, e a levei para a Clínica.  Bolinha era uma cadelinha mansa e obediente.  Durante a viagem de carro até a clínica, ela me dirigia um olhar confiante, porém indagador: - para onde está me levando?  Eu conversava com ela enquanto dirigia, e parece que ela me entendia.  Deixei-a na clínica.  Voltei à empresa, para recolher os três filhotes restantes e os levei para casa.  Eram três fêmeas.  

          Duas destas, ficaram com vizinhos nossos, e a última fêmea a quem chamamos de Kelly, ficou sob os cuidados da minha esposa.  Por sinal, Kelly era o filhote mais parecido com a mamãe Bolinha, o que intuitivamente me agradou. 

          Bem, agora eu havia finalmente cumprido a recomendação médica.  Havia retirado todos os filhotes, aproveitando a ausência da mãe, que ficara internada na clínica. 

          No dia seguinte, quase ao anoitecer, fui buscar a Bolinha na clínica, prontamente recuperada com as medicações aplicadas pelo seu médico particular.  No meu carro, a caminho de volta para a empresa, Bolinha se mostrava inquieta e ansiosa.  Saudade dos filhos.  Chegando na empresa, estacionei o carro e abri os vidros acionando um dispositivo elétrico.  Bolinha não esperou que eu lhe abrisse a porta.  Saltou pela janela, e disparou em direção onde estariam seus filhotes.  Começou a procurá-los com desespero, farejando por todos os cantos e lugares. 

          Senti um aperto no peito, com pesar pela cena que eu presenciava.  Me senti culpado, e tratei de consolar a Bolinha, mas não sei se ela me entendeu.  Fui embora, amargando um certo remorso pelo indefeso animal. 

          Nos dias seguintes, Bolinha novamente se transformou.  Perdera sua imponência, seu orgulho. Era novamente uma cadela triste e humilde, por haver perdido os filhos. Mas o tempo é um remédio maravilhoso, e o próprio veterinário havia me falado que ela acabaria se conformando, e esquecendo os filhotes.  Disse também, que suas tetas, por falta de estímulo na amamentação, voltariam ao normal, pois estavam proeminentes, quase a esbarrar no chão. 

          De fato, pouco a pouco, senti a alegria voltar aos olhinhos brilhantes da cadela, e sua expressão de sorriso quando vinha ao meu encontro. 

A tragédia:  num certo dia, de uma terça-feira, precisei sair à rua dentro do meu expediente, para tratar de um assunto comercial da empresa.  Quando estava próximo do meu carro, que ficava estacionado no pátio, Bolinha veio ao meu encontro: - au! au! au!  Seu latido porém era de dor. 

          Bolinha não estava bem. Deitou-se aos meu pés, e notei que sua boca espumava.  No mesmo instante, coloquei-a no carro, e "corri" com ela para a clínica de animais.  O veterinário não estava. Seu assistente no entanto, o localizou pelo telefone, e ficamos aguardando.  Bolinha, sobre a mesa na sala da clínica, trêmula, parece que me ouvia chama-la pelo nome, pois ainda deu suas últimas abanadas de rabo.  Depois, começou a ter convulsões, gemidos, e por fim, sua batidas cardíacas cessaram. 

          Fiquei ali, com um nó na garganta, assistindo o estado agonizante da minha querida cadelinha.  Eu me sentia impotente, sem nada fazer, sequer para amenizar o seu sofrimento.  Quando o veterinário chegou, ainda aplicou-lhe uma injeção de adrenalina, mas advertiu que nada mais poderia ser feito para salvar a Bolinha.  Ela havia ingerido veneno, que alguém maldosamente lhe dera, ou então que ela haveria de ter encontrado, talvez fora da empresa, pois de vez em quando, costumeiramente saia para dar uma voltinha nas proximidades. 

          Foi este, o trágico e triste fim, de uma cadelinha vira-lata, que ficará por muito tempo, na minha lembrança.  A própria clínica, se encarregou de fazer a remoção do corpo da Bolinha. 

          Tenho, uma profunda reverência pela vida.  E se para nós, no aspecto filosófico-religioso, a vida não termina aqui, a vida de um animal também deve continuar em outro plano.  Assim, desejo que a Bolinha, onde quer que esteja, encontre uma vida mais feliz do que viveu aqui. 
Bolinha morreu, no dia 15/07/1997.

                                                                 

CONHECE-TE A TI MESMO


Pitágoras

         "Conhece-te  a  ti  mesmo";  esta frase, é atribuída a Pitágoras, matemático e filósofo grego, que viveu há mais de 500 anos antes de Cristo.  Esse nome, Pitágoras, faz a gente lembrar do "teorema de Pitágoras",  e  daquele enunciado de que em um triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos, é igual ao quadrado da hipotenusa.  Quem não se lembra?  Quem estudou ou estuda, sabe disso.


         Mas, não vamos falar aqui de matemática ou geometria.  Não.  Nós vamos é filosofar.

          No tempo de Pitágoras, haviam "Escolas de Mistério", onde só podiam frequentar os "iniciados", ou estudantes que buscavam o saber relacionado com os mistérios da vida.  Melhor dizendo, eram escolas de Estudos Esotéricos.  Conta-se (mas não se sabe com certeza), de que o próprio Jesus Cristo frequentou uma Escola dessas, naquele espaço de tempo que vai dos seus 12 aos 33 anos, e que não há registro na Bíblia, do que teria feito Jesus nesse "hiato" de tempo. 

          Muito bem, mas quando a gente faz uma reflexão sobre essas questões, podemos vislumbrar um mistério no ar, de como foi possível tanta sabedoria naqueles tempos tão antigos, onde inexistia os recursos modernos que temos hoje.  Pitágoras foi um sábio.  Jesus foi um sábio. E tantos outros como Confúcio, Buda, Sócrates, etc.  Como isso era possível?  O que ensinava aquelas "Escolas de Mistério?"  Será que formavam sábios?

          É neste ponto que vamos refletir.  Jesus disse o seguinte: "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".  Pitágoras disse basicamente a mesma coisa, mas com outras palavras: "conhece-te  a  ti mesmo".  Mas, como vamos conhecer a verdade?  Ou conhecermos a nós mesmos?  Onde?

          No caso de Jesus, a verdade de que ele fala, só poderemos encontra-la no seu Evangelho, mas desde que nos seja corretamente ensinado, interpretado, ou seja, de uma forma muito além de uma simples leitura com uso do nosso intelecto.  Nas suas palavras ou ensinamentos, estão ocultas muitas coisas que precisamos captar, ou entender o significado.

         Um exemplo simples, está na oração do "Pai Nosso", que todos conhecem, e que foi ensinada por Jesus.  Quando dizemos "Pai nosso", devemos entender que Deus é pai de toda a humanidade, e não apenas nosso, de uma forma restrita.  O "pão nosso de cada dia", não significa apenas o pão material como alimento físico, mas também o pão no sentido de saúde, paz de espírito, harmonia, felicidade, etc.

          A parte mais bonita do Evangelho de Jesus, está no "Sermão da Montanha", mas este também precisa de uma interpretação muito cuidadosa e aprofundada.  Não é fácil essa interpretação, a não ser que a gente queira busca-la com uma dedicação sincera.

          Da nossa dedicação aos ensinamentos de Jesus, resultará o conhecimento de nós mesmos, como disse Pitágoras.


A P E L I D O S

          Particularmente, não gosto muito de apelidos.  Parece desrespeitoso ao indivíduo, ou ao ser humano em geral.  Existem todavia, apelidos carinhosos, coisa de família.  Eu tenho uma prima, por exemplo, que se chama Jaqueline, mas eu a chamo de "Biinha";  é que o seu pai, de raça alemã, gostava muito de cerveja;  e, olhando para sua filhinha, ainda pequenina, dizia: - "essa sua cabecinha, loirinha, parece um copinho de cerveja".  E ele mesmo, a chamava carinhosamente de Bi-inha, ou seja, um diminutivo forçado de cerveja, que em alemão se diz Bier...


          Muitas estórias envolvem os apelidos mais estranhos e divertidos que conhecemos.
... Há muito tempo, quando eu trabalhava numa empresa de ônibus, era comum diálogos como este:
     -  Quem é o motorista da linha tal?
     -  O motorista é o Formigão.
     -  E o trocador?
     -  É o Jacaré.
     -  E amanhã, quem está na escala?
     -  Amanhã é o Bastião Gambá e o Zé Galinha.

          E o patrão vociferava:
     -   Pô, isto aqui é uma empresa ou um Jardim Zoológico?  Quero saber dos nomes...
          Só que os nomes quase ninguém sabia.  Apenas os apelidos.  Havia mais bichos:
Havia um motorista, que era o "Camaleão"; quando bebia umas e outras, mudava de cor, ficava vermelhão.  Havia o Beronha, o Sapo, o Marreco, o Porquinho.  Mas não apenas bichos: tinha também o Pelé, o Fim de Mundo, o Dentinho, o Pé de Ferro...  e cada qual com sua estória. 

          Lembro-me de um escurinho, ajudante de mecânico, apelidado de "Diagonal".  Que nome estranho para um apelido.  Por que Diagonal? ... Bem, é que numa certa época, o Brasil estava jogando nas finais da Copa do Mundo;  e na garagem da empresa, mecânicos, ajudantes e serventes, estavam trabalhando. 

          Mas, na hora do jogo, a turma se reunia em frente a um aparelho de TV.  O jogo rolava, e o narrador da emissora de TV repetia com certa frequência, a expressão: "A bola saiu pela diagonal"... "Saiu pela diagonal"...  E o tal ajudante de mecânico, saiu-se com esta pérola:
- "Puxa vida, esse Diagoná é bão de bola né?  Toda hora a televisão fala o nome dele..."
A gozação foi geral, instantânea e divertida.  E o escurinho nunca mais foi chamado de outro nome. 

          Refletindo sobre este assunto, é interessante notar que existem certos nomes próprios que adotam sem constrangimentos, alguns animais como sobre-nomes, tais como:  Coelho, Pinto, Carneiro, Lobo, Barata, Formiga, Bezerra, etc.  Nomes famosos, como Paulo Coelho, Barata Ribeiro, Nelson Carneiro, Magalhães Pinto e tantos outros.  

          Mas ninguém adota um nome ou sobrenome como Cachorro, Urso, Veado.  Pelo contrário, estes últimos, nomes de animais tão lindos, só servem para xingar:  - Você é um cachorro! ... Amigo Urso!...  Viado!...
Por que será? - Sei lá, são coisas do BICHO-HOMEM.
Para finalizar, vou ilustrar este comentário com uma foto: o motorista do ônibus é o "Zé da Pêra"
Alcunhas



   

Cidade do Sul de Minas Gerais

PASSA QUATRO

          Passa Quatro-MG, uma pequena mas grande cidade, assim fala o nosso coração.  Uma cidade que preserva sua história, sua cultura.  Dª Adelaide, uma inesquecível e saudosa mestra do Grupo Escolar Presidente Roosevelt, nos ensinava assim:


          Passa Quatro fui fundada, na época das "Bandeiras", ou seja, dos bandeirantes liderados por Fernão Dias Paes Leme, que atravessaram o mesmo rio quatro vezes, daí o nome de Passa Quatro.  O bandeirante Fernão Dias Paes Leme, procurava esmeraldas na Serra da Mantiqueira.  Isto foi por volta de 1680, onde também morreu agonizante, mas acreditando tê-las encontrado: as esmeraldas que tanto procurava. 

          (Obrigado Dª Adelaide, por esta aula e por esta lembrança)

                                                     HINO À PASSA QUATRO

                                                     Música: Antonio Luiz da Silva
                                                     Letra: Ary Simões Coelho

                                                     Refrão:
                                                     Como se encanta, com os encantos teus,
                                                     Quem te conhece, nossa linda terra!
                                                     És a paisagem em que a mão de Deus
                                                     Quis por a verde moldura da serra.

                                                     Os bravos bandeirantes, sonhadores,
                                                     Transpondo a esmeraldina Mantiqueira,
                                                     Nos seus anseios de desbravadores,
                                                     Pisam em Minas, pela vez primeira.

                                                     Era de agosto o temperado mês.
                                                     Passa Quatro nasceu naquele instante,
                                                     De mil seiscentos e setenta e três,
                                                     Entre o verdor da mata trescalante.

                                                     Querida terra, agora te saudamos!
                                                     Oh, rica Estância de águas minerais,
                                                     Nosso lindo rincão, que tanto amamos,
                                                     Sala de entrada de Minas Gerais!

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OBSERVAÇÃO: esta breve apresentação da cidade de Passa Quatro, é apenas para referir-se à imagem do meu Banner, no topo da página inicial deste Blog.  É  a minha cidade de origem, e quero apresentá-la a quem possivelmente não a conheça. Na imagem, aparece uma rua, a Av. Cel. Ribeiro Pereira, onde passei uma parte da minha vida. Esta foto, me foi gentilmente cedida pela amiga Julia Maria Clébicar, que aparece entre os meus amigos de Passa Quatro.  A Julia também pode ser encontrada no Face Book.
                                                                                 Guilherme Köhn





NÓS ACREDITAMOS EM DEUS


Deus Existe

          IN GOD WE TRUST (Em Deus nós confiamos).  Essas palavras, em inglês, estão estampadas no "Dollar", moeda americana. Em meus tempos de criança, de "moleque", eu gostava muito de ir ao cinema, para assistir filmes de faroeste, ou "Far West", e nesses filmes, era comum cenas que revelavam um espírito religioso por parte de certos personagens, conforme o enredo do filme. Antes das refeições (no filme), as famílias sempre faziam uma oração de agradecimento a Deus, pela graça do seu alimento.


          Claro que os filmes eram uma ficção, porém baseada numa realidade dos costumes daqueles tempos épicos da "Conquista do Oeste".

          Em uma análise bem superficial, acho que o progresso dos E.U.A. ao longo do tempo (desde aqueles tempos épicos), foi devido, principalmente, em decorrência de alguns fatores:

          Primeiro, pela imigração estrangeira:  ávidas pela aventura promissora de um "Novo Mundo", as pessoas, cheias de esperança, vinham de países da Europa, como a França, Alemanha, Inglaterra, e vários outros;  vinham para a América (América do Norte).

          Depois, pela religiosidade, que sempre esteve presente na América, trazida pelos povos desses países (religiosidade cristã).

          E por último, pela própria Constituição Americana (única através dos tempos até hoje), que declara esse país livre para todos, livre para se estabelecer, trabalhar e viver com todos os direitos de igualdade.  Eu não conheço os detalhes dessa Constituição americana, mas já li algo a respeito, principalmente no tocante a essa liberdade. 

          Nós acreditamos em Deus;  essa crença se espalhou pela Europa desde o Evangelho (boa nova), vivida e ensinada por Jesus Cristo.  Podemos observar, que na Europa, em todos os países, existem Igrejas, Catedrais suntuosas, todas voltadas para essa crença religiosa. 

          Nós acreditamos em Deus;  mas por que ainda existem pessoas que não acreditam?  Talvez seja porque não tiveram uma formação religiosa, ou talvez porque façam uma ideia errônea do que seja Deus.  Nas escrituras (Bíblia), existe uma "passagem" que conta o seguinte: quando Moisés (personagem histórico), subiu uma montanha para fazer sua oração, ele teve assim uma especie de "iluminação intuitiva" da presença de Deus, então ele perguntou: - Quem és tu?  E Deus lhe respondeu (intuitivamente): - "Eu sou aquele que sou"...  

          Ou seja, Deus simplesmente é... Deus não é um homem de forma física ou uma edição aumentada do homem;  não é um velhinho de barbas brancas que mora lá no céu, num lugar distante... ... Não. Deus é espírito.  Nunca foi visto por ninguém, por não ter forma física.

          Deus simplesmente é:  é o espirito do bem de tudo que existe, o espírito do amor.  Os advogados modernos, quando têm que interpretar um texto de uma lei, e que não foi redigida muito claramente, esses advogados a interpretam dizendo o seguinte:  - "o espírito da lei", nos diz que... e concluem a sua oratória.

          Ou seja, o espírito é aquilo que é, que está inserido na lei, mas que às vezes não está visível, ou bastante claro!  Assim é Deus.  ELE está inserido em nós, na natureza à nossa volta, nos bons sentimentos e no coração das pessoas de boa vontade.

          Mas, a pergunta crucial ainda pode persistir: porque devo acreditar em Deus?  Sem aprofundar em questões religiosas ou teológicas, basta examinar a história.  Examinemos o passado, onde sempre existiram pessoas cultas, iluminadas, filósofos, imperadores que mandaram construir majestosas Catedrais, tudo pela fé em Deus;  voltemos aos nossos pr[oprios antepassados que certamente professavam uma fé religiosa. 

          Baseado apenas nesses fatos, não somos nós que vamos duvidar, não é mesmo?  É fácil entender Deus?  Não, não é fácil, e obter a sua ajuda é muito mais difícil ainda;  é preciso uma profunda dedicação.  É preciso ter fé.  É preciso começar de algum lugar, ou de algum modo.  É preciso acreditar em Deus!  É preciso praticar um pensamento: Nós acreditamos em Deus!
Em Deus confiamos




     


MALHAÇÃO DO JUDAS


Sábado da aleluia

          Todos conhecem essa tradição, praticada em todo o Brasil.  É uma festa pagã, que nos foi trazida pelos portugueses, creio, porque na Europa, em alguns países também se pratica esse costume: "Judas, o traidor de Jesus, em troca de 30 dinheiros".


          Esse episódio da história, é revivido anualmente, depois da sexta-feira santa, no tradicional sábado da aleluia;  um boneco de pano, satirizando ou não, uma figura política desprezível, é malhado em plena praça pública, para a alegria da criançada.

          Costuma-se também atirar moedas ou balas para as crianças, para lembrar, ou simbolizar uma atitude vilipendiosa, corrupta ocorrida naquele passado distante, há mais de 2000 anos, contra o nosso mestre Jesus.  As pessoas que fazem o boneco, costumam recheá-lo com bombas ou fogos de artifício.  Além dessa malhação, enforcando, queimando, tripudiando de todas as formas o boneco, tem também o testamento do Judas, que normalmente é escrito com versos rimados, e cuja finalidade é brincar com as pessoas conhecidas da cidade, citando seus nomes, e destinando-lhes os bens mais desprezíveis que pertenceriam ao Judas traidor.  Para esse ato, vale a criatividade das pessoas, ou seja, dos organizadores. 

          Eu me lembro que no meu tempo de criança, que lá em Passa Quatro-MG, o grande animador dessa festa, era um homem chamado Silvio melo.  Ele era um mestre em "bolar" e escrever esse testamento do Judas, fazendo pilhérias com os nomes das pessoas mais proeminentes da cidade.  Silvio Melo, era um homem que gostava de participar de todos os folguedos comemorativos da cidade. 

          Mas, hoje em dia, o nosso "Judas", também se modernizou.  Já não se vende mais por apenas 30 dinheiros.  Oh não, isso é coisa daquele tempo, de um passado distante.  Hoje, os nossos "Judas" só falam em "milhões",  ou "quá-quilhões", como diria o tio Patinhas, personagem do desenho animado. 

          Hoje em dia, pensando bem, vamos malhar um judas moderno, e eu daria início a um testamento desse Judas, mais ou menos da seguinte forma:

                                    Sou um Judas tupiniquim,
                                    ser traidor é a minha sina.
                                    E somente a justiça divina,
                                    é que poderá me julgar;
                                    mas judas iguais a mim,
                                    garanto não vai faltar.

                                    Eu tenho muitos colegas,
                                    no Palácio lá em Brasilia;
                                    prá eles não deixo nada,
                                    só deixo a mala vazia.

                                    Ao meu povo brasileiro,
                                    eu só causei sofrimento,
                                    por isso todos aguardam,
                                    para ler meu testamento...  ...  (bem, mais ou menos por aí).

          Motivos para malhar, nós temos de sobra:  Há corruptos, políticas traiçoeiras, falcatruas com o dinheiro público, formação de quadrilhas, todo tipo de escândalos, crimes de irresponsabilidade;  o que é tudo isso senão lesar a nossa Pátria amada?  Uma ofensa à nação brasileira?
Vamos malhar esses Judas!  Não só aquele de antanho, mas também os atuais!  Eles merecem!

O CRISTO


Simbolo do Cristianismo

          Natal, com Cristo!  Quando falamos em "Cristo", imediatamente lembramos de Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres.  Mas Jesus, foi o nome que seus pais lhe deram, e Cristo, é um título, que significa ungido, ou consagrado.  Todos nós, cristãos, temos o nosso "Cristo"interior, nosso "eu" mais profundo, um "eu sagrado", perfeito, ou como dizem os místicos o "Eu Sou".  


          É um estado de consciência para i qual nos elevamos em oração, quando estamos em dificuldades, desde que tenhamos um espírito religioso, seja qual for a fé que professamos.  É um pouco diferente, talvez, do que a ciência chama de "subconsciente", já que este pode estar agindo para o bem ou para o mal.

          No Budismo, esse estado de consciência voltado para a perfeição, é chamado de "estado búdico".  Outras filosofias (religiões), talvez tenham nomes diferentes para designar esse mesmo estado divino que podemos alcançar apenas de um modo meditativo.  Neste processo, estaremos colocando em ação, uma Lei Espiritual, ou seja, se orarmos em meditação a Deus, ou fizermos um pedido até mesmo em nome do Mestre Jesus, buscando alguma ajuda especial devido a enfermidade, preocupação, ou adversidade, e a prece for ouvida, será nossa obrigação fazer alguma compensação, não somente por meio de uma prece de agradecimento, mas, também levando a outros, de alguma forma, uma parte do benefício recebido.

          Essa é a Lei, também conhecida como de "Causa e Efeito".  A menos que façamos isso, toda vez que recebermos uma bênção por intermédio do "invisível", não poderemos pedir com justiça, no futuro, qualquer outra bênção.  Uma bênção é diferente de "graça".  !Graça divina", é aquilo que já estamos recebendo de graça todos os dias, independente de nossas orações, quer percebamos ou não;  e "bênção", é o resultado daquilo que necessitamos no momento oportuno, e para o qual dirigimos nossas orações, nossas preces.  Constantemente receberemos bênçãos, se nossos pensamentos e ações forem um alimento para o nosso espírito. 

          É importante uma compreensão desse Cristo que habita em nós, porque ele significa que a nossa natureza é espiritual.  Não somos matéria; somos algo mais perfeito.  Somos espírito, e somente através do espírito poderemos entrar em contato com as coisas da mesma natureza.  Uma oração ou prece puramente intelectual, não produzirá resultado algum, pois o intelecto é desprovido de sentimento.

          O universo inteiro é governado por Leis metafísicas (além da física), ou seja, leis espirituais, as quais pouco conhecemos, e também dedicamos pouco tempo na busca do seu conhecimento.  Normalmente estamos mais ocupados ou preocupados com as maravilhas do progresso que alcançamos, mas este, todavia, é de natureza puramente material, e daí, quiçá, a razão de toda nossa dor e sofrimento. 

          Nas Civilizações antigas, grande parte do povo estava ligada à Luz, e consequentemente seguia as leis.  Mas nós também podemos aprender as leis da Natureza ou leis de Deus, e usá-las para o nosso benefício. 

          "Conhece-te a ti mesmo", é uma frase atribuida a Pitágoras (filósofo grego 580 a.C.), inscrita nos templos antigos, e que sintetiza todo este pensamento.  As Verdades são eternas, independente dos milênios que já se passaram, ou que ainda virão. 

          Acredito que este espírito de religiosidade, inerente à nossa própria essência, será colocado em prática pela humanidade, obedecendo a uma Lei de renovação cíclica que também rege todo o Universo.  Afinal, estamos no limiar de uma transformação do nosso pensamento nesta propalada Nova Era.  Desejamos, portanto um Feliz Natal a todos, com o simbolismo do Menino Jesus, e com o espírito renovador do nosso CRISTO INTERIOR.

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A ERA DE AQUÁRIO


Aquarium, símbolo mitológico

          Aquário é mitologicamente simbolizado por um ancião de barbas brancas; - um velho sábio, carregando sobre os ombros uma ânfora (vaso antigo), da qual se derrama um líquido ou fluido elétrico por todo o universo, e destinado a alimentar aqueles que têm sede (sede do saber).  Sua atitude é serena, e a expressão de sua fisionomia denota uma reflexão profunda.


          É interessante notar, que entre todos os signos zodiacais, este é o único representado por um ente humano  completo.  Aquário simboliza o homem na idade madura, biológica e espiritualmente.  A constelação que forma a figura deste signo, tem seu nome derivado de Aquarium, ou seja, o Aguadeiro Celeste, que é o símbolo do homem astral.

          O planeta regente de Aquário é Uranos, o planeta da revolução, da destruição, da devastação, ou inquietude para modificar, criar, inventar, evoluir.  Uranos, é portanto o responsável pelas grandes modificações, e representa o poder inventivo, a originalidade, e a mais avançada evolução.  Rege a indústria, o comércio, o rádio, a televisão, a eletrônica, etc. 

          A tão decantada Era de Aquário, representa um avanço e uma esperança para a humanidade, mas segundo a astrologia, ela deverá alcançar sua plenitude, somente dentro de algumas décadas.  Não se pode afirmar categoricamente nada a respeito de acontecimentos futuros, a não ser que esta época promete ser de grande esclarecimento mental para a humanidade.  Será o despertar da intuição, da telepatia, da clarividência, da pré cognição.  O homem em busca da sabedoria.  É a ciência tomando novos rumos, que permitirão conhecimentos até agora enigmáticos para toda a humanidade. É o homem buscando a consciência de um Deus interno, ou do seu Eu mais profundo; o anseio de saber mais sobre a sua essência.

          Na realidade, os homens continuarão como sempre foram; com suas contradições de seres mortais, todavia, saberão como lidar melhor com esses e outros aspectos sombrios existentes dentro de cada um de nós.  O homem da Era de Aquário será um homem mais independente espiritualmente falando, será mais estudioso de assuntos que o envolvem com as energias cósmicas que atualmente ainda desconhece, enfim, da sua relação mais profunda com Deus e com o Universo.

          Será, a Era de Aquário, uma utopia ou uma realidade?  Intuitivamente, já podemos perceber que será uma realidade, pois a própria ciência também já nos acena com avanços no estudo da essência  do homem.  Mas, parece-nos também, que ainda falta um bom pedaço de tempo para que possamos alcançar a plenitude deste sonho.  

          Afinal, estamos apenas no início de ujma caminhada de mais dois mil anos que serão regidos por este signo benéfico.  De qualquer forma, é um bom presságio, e também  um privilégio que presentemente, estejamos vivendo nos primórdios deste milênio, ou desta Nova Era.
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NOTA: Este breve ensaio, foi baseado nos ensinamentos do Mestre Antonio Delfino, desencarnado no ano de 1988 em Resende-RJ.  Há cerca de 15 ou 20 anos, ele mantinha em em funcionamento o Colégio Pitágoras de Resende, uma escola de ensinamentos esotéricos.  Fazemos pois, deste modesto trabalho, uma homenagem à sua memória.
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NOVO AEON


Ciências Esotéricas

          Em Resende, não faz muito tempo, já tivemos uma genuína Escola de Ensinamentos Esotéricos, e assim como muitos resendenses, lembro-me do saudoso mestre e mantenedor dessa Escola, Antonio Delfino .  Ele era um mestre, no exato sentido da palavra, ou seja, um profundo conhecedor de assuntos esotéricos. 


          O seu Colégio Pitágoras, ainda está lá, intacto, próximo à Santa Casa, na rua do Rosário, mas o imóvel traduz um aspecto de abandono.  Ainda se pode ver a inscrição na sua fachada: "Conhece-te a ti mesmo" (**), escrito com letras grandes, no relevo da parede. 

          Talvez esse Colégio, como era chamado, ainda permaneça assim por muitos anos, esperando que se dissipe a energia que o mestre consolidou em torno do prédio, desde a sua transição deste mundo para uma nova dimensão mais elevada desta nossa existência.

          Fui um de seus muitos discípulos, e recordando seus ensinamentos, o mestre dizia que o milênio passado, findo no ano 2.000, era regido pelo signo de Peixes,  e  representado pelo Cristo Crucificado, pelo sofrimento;  e por esta razão, as imagens de Jesus que vemos nas Igrejas e nas pinturas em geral, se apresentam com um semblante triste;  - mas que o novo milênio seria o advento do "Novo Aeon", ou seja, uma Nova Era, a de Aquarius,  e que seria representada  pelo Cristo Ressuscitado, o Cristo Vivo, e aquele Jesus de rosto triste, daria lugar a um Jesus de rosto mais alegre, pois esta nova era assim estava prometida;  -  se o milênio passado foi regido pelo signo de Peixes, neste novo milênio já entramos no signo de Aquário.

          Esta nova era, segundo o mestre Delfino ensinava, será o despertar da intuição, tendendo a humanidade para maior expansão espiritual e científica.  Era da libertação, do homem em busca da sabedoria, a consciência do Deus interno, que se manifestará cada vez mais na sua psique.

          Desta forma, o homem se aperfeiçoará, e experimentará por vivências pessoais, o que realmente seja harmonizar-se com os outros.  Um crescente sentimento de amor, sacrifício, generosidade, tomará conta da espécie humana.  Em resumo, o homem saberá que somos todos da mesma família, que todos somos um só. 

         A astrologia neste contexto, é uma Ciência ou arte de predizer futuros acontecimentos segundo o estudo dos astros.  E, acredito sinceramente neste vaticínio, ou seja, na evolução espiritual do homem.  Em muitos aspectos, hoje, esta evolução já se faz notar.

          Mas como dizíamos, a Era de Aquário, que entrará em sua plenitude talvez dentro de algumas décadas, significa uma era de transformação.  Esta transformação, implica em um período prévio de transição, o qual já percebemos no momento atual.

          Um período ainda, de desencontro geral.  A humanidade está se desentendendo, por todos os lados a violência, a insatisfação individual e coletiva;  a crise é cultural,  moral, política,  econômica, religiosa,  sociológica.  Por toda parte falsos profetas da verdade, falsos sábios,  falsos iluminados.  Este período de desencontro que antecede o verdadeiro espírito da Era de Aquário, pode ser considerado como um fenômeno apocalíptico, ou seja, um período de depuração, como ocorre em todas as metamorfoses.

          Só existe um remédio maravilhoso para todos esses males: "o indivíduo lembrar-se de Deus, entregar-se a Deus, esperar em Deus, e vencer com Deus".  Incondicionalmente. Do contrário, muito trabalho e dor, ainda será necessário para o homem pisar sua terra prometida; o despertar de uma Nova Era.
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(**) Observações: 1) Antonio Delfino, mestre do Colégio Pitágoras, faleceu em Resende, no ano de 1988.
2) "Conhece-te a ti mesmo": frase atribuída a Pitágoras, filósofo e iniciado nas antigas ciências esotéricas.
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ASSOMBRAÇÃO


Almas penadas

Já não existem mais assombrações como antigamente...
          Nossos pais, nossos avós e gerações anteriores, sempre contavam as mais incríveis e horripilantes estórias de assombrações.  E, acreditem ou não, eram estórias verídicas. Antigamente haviam casas, castelos mal-assombrados, enfim, as aparições fantasmagóricas estavam espalhadas pelo mundo todo.  Crianças, tremiam de medo quando se falava em "assombração".


          Mas, parece que tudo acabou, como que por encanto.  Ninguém mais conta aquelas estórias de arrepiar, e as crianças de hoje já não temem os seres do "outro mundo".  O que será que houve?  E as estórias que ouvíamos, testemunhadas por tantas e tantas pessoas?  Será que essas pessoas eram todas inocentemente mentirosas?  Ou tais estórias, simples fruto da imaginação dos nossos antepassados?

          Acreditem ou não, muitas estórias eram mesmo verdadeiras, porque foram relatadas por pessoas sérias. Não eram mentirosas.  Outras vezes, experiências insólitas aconteciam até com pessoas incrédulas, que para justificar sua incredulidade, sempre tinham na ponta da língua um ditado que dizia: "Quem anda com Deus no coração, não tem medo de assombração". 

          Mas hoje, até mesmo esse dito popular perdeu seu emprego, tornou-se ultrapassado.  Então para onde foram aqueles fantasmas que já não aterrorizam mais?  Será que também estão enfrentando uma especie de crise existencial?

          Não, eles estão aí mesmo.  Na verdade, em crise estamos nós.  Falta-nos, talvez, uma dose maior de religiosidade interior, para que possamos vê-los.  Alguém poderia perguntar: - Mas o que tem a ver religião com assombração?  Acreditamos que tem tudo a ver, para os que ainda conservam uma intensa fé religiosa dentro de si, e desde que o termo "assombração", seja  melhor compreendido.

          Certa vez, ouvi uma explicação esotérica por parte de um grande Mestre de uma escola filosófica, que elucidava essa questão.  Ele ensinava a seus discípulos (eu era um deles), o seguinte: 

          ...que, quando uma pessoa morre, sua alma não se desliga imediatamente do corpo.  Ela ainda fica presa à terra, ao corpo, por uma espécie de energia sutil, vibratória, conhecida pelos esotéricos como cordão de prata.  Esse cordão é elástico, permitindo que a alma ou espírito se desloque para onde queira.  E, o desligamento, ou seja, o rompimento definitivo desse cordão de prata com a terra, leva no mínimo sete dias, razão pela qual, as igrejas católicas celebram a missa de 7º dia, quando finalmente a alma da pessoa morta, agora livre, deverá ascender ao seu verdadeiro mundo espiritual, cessando assim, o sofrimento que o espírito experimenta enquanto ligado à terra nesse período, por esse "cordão de prata".

          Antigamente, as pessoas eram mais devotadas às coisas espirituais, e por isso tinham uma sensibilidade desenvolvida a tal ponto, que lhes era possível um verdadeiro contato imediato do 3º grau com aqueles espíritos que esperavam pelo seu dia de ascensão a um outro plano de existência. 

          Tais contatos, eram até mesmo comuns naqueles tempos, apesar do seu mistério e do seu aspecto sobrenatural. 

          Mas hoje, o homem moderno perdeu essa sensibilidade, devotado que está ao seu mundo de avançada tecnologia.  O modernismo o fez materialista demais, e o afastou da sua prática religiosa. O homem de hoje acredita nas ondas etéricas da Internete, mas não acredita em espíritos, ou pelo menos não tem sensibilidade para percebe-los. 

          Parece incrível?  Pode ser, mas a religião é justamente isso.  É o desenvolvimento de uma sensibilidade tal, que se possa obter aqui e agora, uma ajuda intuitiva de sabedoria e de inspiração, canalizada por intermédio de um  plano mais elevado.  Esse conhecimento, no entanto, o homem deixou para traz.  As escrituras são sábias ao alertar: "Muitas serão as penas, dos que trocam o Senhor por outros deuses". (SL. 16;4).

          Podemos concluir, portanto, que somente a Luz da fé, nos aproximará novamente, não de "assombrações", necessariamente, mas verdadeiramente de DEUS. 

PARE DE FUMAR


Parar de fumar

Pare de fumar você também.

          O hábito de fumar, já foi considerado como um símbolo de masculinidade, ou no caso das mulheres, como um símbolo da libertação feminina. Mas já passou.  Hoje, o cigarro é considerado um vício abominável.  É deseducado fumar. A sujeira do cigarro incomoda até mesmo o próprio fumante. 


          A maioria dos fumantes gostaria de deixar o cigarro, mas não sabe como.  Muitos já tentaram pela própria força de vontade, ou experimentaram substituir o vício por balinhas de hortelã, ou até mesmo certos tipos de terapia.  Enfim, já tentaram de tudo, mas confessam que o vício é sempre mais forte.

          Por que será que isso acontece?  Na verdade, quando você luta com o cigarro, ele também luta com você.  Quanto mais força você usa, mais força contra você, o cigarro também usa.  Então, qual é o segredo?  O segredo é não lutar.  Mas como?  Vou contar uma rápida estória, que talvez ajudará a compreender melhor a questão..

          ... Conta-se que há muito tempo, havia um homem da religião dos Quackers (*), que na sua vestimenta habitual portava uma espada.  Essa vestimenta era típica de um cavaleiro da sua época. Mas esse homem, por pertencer à religião Quacker, achava que sua espada não era compatível com os preceitos religiosos que praticava.  Isto o incomodava; queria deixar de usar a espada, mas sem ela, ele também não conseguia ter paz, pois acostumara-se ao seu uso.  Era um dilema que o torturava. 

          Procurou então aconselhar-se com o seu líder religioso, certo de que este o apoiaria quanto a deixar  o uso da espada.  Seu líder religioso porém, depois de ouvi-lo, pensou por alguns instantes, e finalmente lhe disse:
- "Use a espada, meu rapaz; continue usando até não mais poder usa-la".

          E assim fez o bom discípulo; continuou com seu dilema, mas usando ainda a espada, conforme lhe aconselhara o seu Mestre.  Passado algum tempo, um ano talvez, esse religioso abandonou sem qualquer trauma, ou sem maiores dificuldades o uso da espada que tanto o incomodava. 
***   ***   ***
         E foi mais ou menos assim, que eu também deixei de fumar.  Foi usando o mesmo princípio, ou seja, o da não resistência.  ... No começo, foi só uma vontade de parar de fumar.  Alguns esforços, mas sem resultado.  Continuei só na vontade.  Pensei comigo: preciso cuidar da minha saúde.  Resolvi caminhar de manhã; e todos os dias bem cedo, enquanto caminhava, eu mentalizava saúde, inspirando o ar puro da manhã.

          Mas, chegando em casa, depois da caminhada, depois do café, era infalível: a primeira coisa que eu fazia, era acender um cigarro.  Que coisa mais idiota estou fazendo, pensava  comigo mesmo; mentalizando a saúde, mas agora fumando um cigarro.  Dia após dia, era sempre a mesma coisa; a vontade de fumar sobrepujando a minha força de vontade.

          Continuei pensando nisso, mas prometendo deixar o cigarro.  Não falei com ninguém desta minha intenção, para evitar cobranças, do tipo: " - ué, você não disse que ia parar de fumar?" ...Não, não disse para ninguém. Disse-o para mim mesmo.  Não estabeleci prazo.  Passei a fumar cigarros no varejo.  Comprava dois cigarros de manhã, dois cigarros no meio do dia, e dois ou três à noite. 

          Quando a vontade era muito forte, eu fumava cigarros de marcas diferentes da marca habitual, e dava preferência àquelas mais baratas, que têm um gosto horrível.  Quem é fumante, sabe o que estou dizendo.   Este é um processo que você tem que trabalhar consigo mesmo, com perseverança e tenacidade.  Um processo que pode durar um ano  ou menos, porém o vício do cigarro vai perdendo a força, e no final, cai como um fruto maduro, e então você o deixa com a maior facilidade. 

          Não me explico o que acontece quando agimos assim, mas o fato é que a NÃO RESISTÊNCIA  é uma força poderosa, se soubermos emprega-la com inteligência.   Todos conhecem a história do poderoso exército inglês que dominava a Índia, e que foi vencido pela filosofia de GHANDI, que se baseava justamente neste princípio: o da NÃO RESISTÊNCIA. - Lutar sim, mas com as armas contrárias às do seu opressor. 

          Pensem nisto, é muito profundo, mas muito fácil de usar e assimilar.   Vamos parar de fumar.  No final, vamos todos para o mesmo lugar, mas não é preciso ter pressa, não é mesmo?
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(*) Quackers: seita religiosa fundada no século XVII, e espalhada principalmente na Inglaterra
e nos Estados Unidos.
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O MONGE E O ESCORPIÃO



          Certa vez, eu estava ouvindo uma emissora de Rádio local.  O radialista em sua programação, contava a estória de um monge.  Não sei de onde ele tirou aquela estória, ou quem seria o seu autor, mas sensibilizou-me profundamente a bela mensagem que transmitia. Baseado nesta lembrança, vou recontar a estória que ouvi, desejando apenas difundir a sua mensagem, o que certamente era a intenção do seu autor.


          ... ... Conta-se que um monge e seu discípulo, caminhavam por uma floresta.  Ao chegarem num riacho, o monge notou que um escorpião estava sendo arrastado pela forte correnteza daquelas águas cristalinas, mas tortuosas, por entre pedras e pedregulhos.   O escorpião tentava em vão se firmar nas pedras escorregadias, mas era sempre arrastado pela força das águas.

          O monge pegou então um pequeno galho seco, e estendeu-o como apôio ao escorpião, para salva-lo das águas.  O escorpião salvo, todavia, tentou atacar o monge com sua picada venenosa. No susto, o monge deixou o escorpião cair novamente nas águas do riacho.  Bondosamente, o monge estende outra vez o galho seco, parq salvar o escorpião.

          O seu discípulo, vendo aquilo, diz ao monge:  - Mestre, deixe que esse animal peçonhento se afogue; o senhor tenta salva-lo e ele lhe retribui tentando ataca-lo...

          Mas o monge, responde então ao discípulo:  - Não, meu caro, eu vou salva-lo.  O escorpião simplesmente está agindo segundo a sua natureza, e eu estou agindo de acordo com a minha.
...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...
          Aqui termina esta pequena estória, que serve para ilustrar que a natureza humana é assim; cada qual reage, segundo os valores que tem dentro de si.

F I M

         

CRUZ NA BEIRA DA ESTRADA


estorias das Minas Gerais

           Uma cruz na beira da estrada
           Quem já não viu, principalmente naqueles chamados "caminho da roça", ou seja, à beira de nossas estradas vicinais, pequenas cruzes levantadas, significando que ali, naquele local, houve um sinistro envolvendo a morte de alguém?


          Em Resende-RJ, existem vários lugares onde essas cruzes podem ser vistas, mas foi em regiões de Minas Gerais, meu Estado de origem, que ouvi contar muitas estórias de cruzes nas estradas.  Estórias verdadeiras, místicas, ou simplesmente curiosas, fruto da simplicidade e da boa fé dos nossos velhos "contadores de causos".

          Em Minas, diz-se por exemplo, que "caipira já não sai de noite, muito menos se tiver que passar perto de uma cruz na beira da estrada".  -  Mas por que?  Qual é o misticismo atemorizante que existe em torno de tais cruzes?

      ...Bem, diz-se por exemplo, que no lugar onde existe uma cruz, é para marcar o lugar onde  houve um desastre, ou alguém morreu assassinado por causa de uma briga.  É colocada uma cruz, porque o Capeta não chega ali onde ela está.  Ele foge dela.  Existe até um ditado popular, segundo o qual, "quem me deve foge de mim, como o diabo foge da cruz".

          Mas então, se a cruz espanta o diabo, por que o caipira fica temeroso em caminhar à noite, tendo que passar diante da cruz?  - É porque se alguém morreu por causa de uma briga, a alma dessa pessoas fica ali "um tempão", onde foi assassinada, e para que o diabo não a carregue "pros infernos",  é que se coloca uma cruz.  Muita gente afirma já ter visto fantasmas por ali, ou assombração, rondando a cruz;  e, se ouvirem gemidos, significa que o morto está pedindo oração.

          E assim, aquelas pessoas crentes, piedosas, acendem velas e colocam imagens de santos do pé da cruz.  O corre também, que essas cruzes podem ser milagrosas.  Se alguém consegue obter alguma bênção, ou fez algum pedido e foi atendido pela "santa cruz", essa pessoa deve pagar uma promessa.
Normalmente a promissa é no sentido de proteger a cruz;  então, constrói-se um pequeno abrigo para a cruz, feito de estacas de madeira e cobertura de sapé.  Às vezes, colocam-se tapumes nos fundos e nas laterais, protegendo-a do sol e da chuva.  Ao longo do tempo, algumas fitas coloridas vão sendo amarradas nos braços da cruz.  Essas fitas poderão trazer o nome da pessoa que as ofertou, escrito a lápis ou caneta.

          Os nomes das cruzes, quase sempre estão ligados à pessoa ou fato que representam, como por exemplo: "cruz da curva onde morreu Juscelino";  "cruz do Menino da Porteira";  "Cruz de Fulano de tal",  etc. 

          Uma cruz à beira de uma estrada, segundo a lenda ou tradição, deve ser reverenciada por todos que  por ali passarem, na forma de sua crença. 

          Crendice?  Superstição?  Folclore?  - Nunca se sabe, por isto é sempre bom respeitar uma cruz à beira de uma estrada, e pedir a sua bênção, fazer um pedido.  Pode ser que ela nos atenda.  Tudo vai depender da sinceridade do nosso coração, e do tamanho da nossa fé. 

          Como disse Jesus, um mínimo de fé (como um grão de mostarda) é suficiente. 
"... Não sejas incrédulo, mas crente".  (João, 20:27)


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