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POR QUEM OS SINOS DOBRAM


PASSA QUATRO

          "Por quem os sinos dobram!"  Esta frase tornou-se uma conhecida expressão linguística, para qualquer situação oportuna.  Mas, esse tema tão sugestivo, surgiu inicialmente no romance de um escritor norte-americano, Ernest Hemingway.  Depois, foi transformado em filme de cinema: "For Whom the Bell Tolls" (1943), um drama baseado no romance homônimo de Hemingway.  O elenco desse filme reúne Gary Cooper, Ingrid Bergman e outros artistas antigos de Hollywood.


          Eu não li o livro (romance traduzido) de Hemingway, nem assisti a sua versão cinematográfica, mas no final deste comentário, segue dois vídeos "trailers" do filme, só para se ter uma ideia.  Realmente, dá vontade de assistir o filme completo, pois trata-se de um excelente clássico do cinema.  Depois, esse mesmo tema foi utilizado para a música, por diversos grupos musicais ou cantores. 

          A princípio, uma banda de Rock americana, chamada de "Thrash metal" do gênero havy metal, gravou ao seu estilo uma música com esse mesmo nome, "For Whom the Bell Tolls", e depois Bee Gees e sua banda fez também uma versão romântica com esse mesmo tema.  No Brasil, foi Raul Seixas, que no seu álbum musical "O Segredo do Universo", incluiu em suas músicas uma faixa: "Por Quem os Sinos Dobram", música também com seu estilo peculiar:

          "Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
          Cê sabe que a gente precisa entrar em contato
          Com toda essa força contida e que vive guardada
          O eco de suas palavras não repercutem em nada.
          Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz
          Coragem, coragem, eu sei que você pode mais..."  (Raul Seixas)

OBSERVAÇÃO:  Essa letra do Raul Seixas, lembra a guerra midiática que o nosso presidente Bolsonaro está enfrentando.  Parece até que a música foi feita para ele. 

          Porém, o meu objetivo não é comentar sobre o filme ou sobre as músicas, e sim prosear um pouco sobre esse mesmo tema (os sinos dobram), que por si só, atrai a nossa atenção.  Antigamente, conversávamos com os amigos pessoalmente.  Hoje em dia, a gente conversa mais amiúde pela internet, ou seja, pelas tecnologias de nossos aparelhos.  Eu também converso com meus amigos e leitores, através destas prosas escritas e publicadas no meu Blog de Crônicas, afinal, é um prazer para mim, alcançar amigos desta forma, descontraidamente. 

          Então vamos lá:  Por quem os sinos dobram?  Literalmente, alguém sabe dizer?  Não é difícil imaginar, não é mesmo?  Quando eu morava lá em Minas, na cidade de Passa Quatro, eu sabia porque os sinos da Igreja Matriz estavam batendo.  No entanto, isso já faz tempo, não sei se ainda hoje os sinos da igreja batem ou badalam ou repicam da mesma forma.  Me lembro bem, que repicavam os sinos da igreja, quando assinalavam festividades religiosas, ou então chamavam os fiéis para a missa. 

          Mas não era só isso.  Os sinos da Igreja tinham um papel importante na sociedade passa-quatrense.  Quando havia enchentes dos rios (ou tromba d'água), geralmente à noite, meia noite, os sinos avisavam a população, alertando para uma possível calamidade.  Nesse caso, o bater dos sinos era característico, fora da normalidade, e todos nós ficávamos atentos ao que poderia acontecer. 

          Os sinos tinham os seus repiques diferentes, ou seja, de diversas maneiras e sons, de acordo com o acontecimento;  as badaladas anunciavam as procissões festivas ou solenes.  Em casos de luto ou de dor, os sinos dobravam vagarosamente, como no dia de finados.  Nesse caso, quando ouvíamos a qualquer momento, em pleno dia, o sino da Igreja com seu toque fúnebre, significava que alguém havia falecido, e as pessoas se perguntavam: por quem os sinos dobram?  Em outras palavras: quem morreu?

          Era assim mesmo.  Quem não se lembra?  Penso que assim acontecia também em outras cidades, afinal, o repicar dos sinos era uma tradição dentro da Igreja Católica.  Mas eu falo apenas da minha querida cidade de Passa Quatro.  Hoje, estou ausente do meu rincão, do meu berço religioso e cultural, e sei que muita coisa mudou por lá, inclusive eu sei que pessoas sentem falta das festas religiosas que eram tradicionais em Passa Quatro e que hoje não existem mais. 

          Acho que tudo tem suas mudanças no decorrer do tempo.  As gerações mais antigas vão entrando em extinção, deixando o bastão da labuta ou da cidadania para os mais jovens.  O tempo passa e as coisas se modificam.  Até Jesus disse em seu tempo: "Vocês farão obras maiores que as minhas" (João 14:12).  A propósito, políticos não falam como Jesus falou, não é mesmo?  Ou seja, pensando nos outros, pensando no futuro.  Não, os políticos só pensam neles mesmos, querem tudo pra eles.  Bom, mas deixa a política pra lá, isso é outra história. 

          Se por um lado Passa Quatro perdeu alguns costumes antigos, hoje em dia a cidade é admirada por outros valores, como por exemplo, a preservação de sua cultura na Casa da Cultura, sob direção do incansável Fábio Mota.  Esse jovem batalhador, registra e cuida de tudo, para que nossos valores antigos não sejam esquecidos.  Realmente nada se perde, tudo se transforma.  Isso também se aplica aos momentos vividos da nossa juventude. 

FINALIZANDO:

          Eu falava do filme "For Whom the Bell Tolls", que não assisti, mas de acordo com minha pesquisa no Google, esse filme é do gênero drama e guerra.  A história se passa na Guerra Civil Espanhola, ocorrida entre 1936 e 1939, envolvendo um norte americano que vivia na Espanha nesse período.  

          Muito bem, sendo assim, podemos interpretar, ou imaginar, que as guerrilhas históricas daquela época, lembram mortes, que lembram o badalar dos sinos, pois naquele tempo,  a linguagem dos sinos também era uma presença constante nas cidades e na prática religiosa.  Hoje, poucos conhecem o repique dos sinos.  Assim, arrematando estes pensamentos, vou transcrever um poema de William Shakespeare, que também fala sobre o dobrar dos sinos, conforme acima mencionado. 

          "Quando eu morrer não chores mais por mim
          Do que hás de ouvir triste sino a dobrar
          Dizendo ao mundo que eu fugi enfim
          Do mundo vil pra com os vermes morar. 
          E nem relembres, se estes versos leres
          A mão que os escreveu, pois te amo tanto
          Que prefiro ver de mim te esqueceres
          Do que o lembrar-me te levar ao pranto.
          Se leres estas linhas, eu proclamo, 
          Quando eu, talvez, ao pó tenha voltado, 
          Nem tentes relembrar como me chamo.
          Que fique o amor, como a vida, acabado
          Para que o sábio, olhando a tua dor, 
          Do amor não ria, depois que eu me for".  (Shakespeare)

          Eu só espero que no Natal, quando os sinos dobrarem à meia noite, todos se lembrem do nascimento de Jesus, até mesmo os mais incrédulos, por quem os sinos também dobram.  Que assim seja, vamos rezar pelos justos e pelos incautos. 

TRAILERS DO FILME:

Para fechar com chave de ouro este bate papo amigável, segue um vídeo com a linda música romântica do filme "For Whom the Bell Tolls".  Essa música, intitulada "Moon River" (Rio da Lua), é interpretada por Andrea Ross, cantora e atriz norte-americana.  A música é linda, assistam:

A SEGUIR, LETRA E TRADUÇÃO DA MÚSICA:

Moon river, wider than a mile
(Rio da Lua, mais largo do que uma milha)
I"m crossing you in style some day
(Eu irei de encontro a você com elegância, qualquer dia)
Oh, dream maker, you heart breaker
(Oh, seu sonhador, você partiu meu coração)
Wherever you're goin, I'm goin'your way
(Aonde quer que você vá, eu seguirei o seu caminho)

Two drifters, off to see the world
(Dois andarilhos, indo por aí para ver o mundo)
There's such a lot of world to see
(Há tanto do mundo para se ver)
We're after the same rainbolw's end,
(Nós procuramos o mesmo fim do arco iris)
Waitin'round the bend
(Esperando logo depois da chuva)
My buckleberry friends,
(Meu doce e aventureiro amigo)
Moon river, and me
(Rio da lua e eu)

Moon river, wider than a mile
(Rio da Lua, mais largo do que uma milha)
I'm crossin' you in style some day
(Eu irei de encontro a você com elegancia, qualquer dia)

(volta à segunda estrofe)


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